Ele era armamentista e vivia “livre” com sua licença CAC, mas ameaçou síndico e agora está foragido

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O homem se irritou durante discussão no condomínio, sacou a arma e disse: “vai morrer”. A triste cena de um Brasil ‘bolsonarizado’ foi registrada por câmeras de segurança no Distrito Federal

Por Raphael Sanz, compartilhado da Revista Fórum




A presença não apenas de armas na sociedade, mas também de um tipo específico, truculento e mesquinho de pensar e agir que geralmente acompanha os portadores dessas armas, tem gerado tristes cenas neste Brasil ainda ‘bolsonarizado’ mesmo após um ano do fim do Governo Bolsonaro. Dessa vez o flagra, publicado pelo portal Metrópoles, mostra as deprimentes imagens de um homem que durante discussão com o síndico do condomínio onde vive em Sobradinho 2, no Distrito Federal, saca sua arma e ameaça o interlocutor: “vai morrer”.

Logo após a ameaça, o homem se afasta e permanece segurando a pistola enquanto encara os vizinhos. Uma mulher que filma a cena pede calma e que a polícia seja chamada. Logo em seguida um dos vizinhos convence o portador da arma a deixar o local e ele vai embora no seu Chevrolet Prisma branco.

O caso ocorreu na última terça-feira (19) e a polícia só chegou ao local após o homem ter ido embora. A Polícia Civil informou que já o identificou mas que não revelou sua identidade aos meios de comunicação para não atrapalhar nas buscas. Além de foragido, ele também tem licença de CAC (caçador, atirador e colecionador de armas).

Mas para além da tragédia da situação em si, em que uma discussão quase termina em tragédia, é digna de reflexão a possível trajetória do atirador.

Ao longo dos últimos 18 anos (desde o plebiscito para o desarmamento de 2005), uma forte propaganda armamentista inspirada nas cartilhas da National Rifle Association, o lobby armamentista dos EUA, tem convencido brasileiros a pensarem como verdadeiros “rednecks” do sul dos EUA e comprarem armas em nome de uma suposta liberdade.

E esse sentimento libertário fraudado pela extrema-direita causa inúmeras tragédias. Impossível esquecer o caso do advogado Leandro Mathias Novaes, de 40 anos, que no fim de janeiro acompanhava a mãe em exame de ressonância magnética em São Paulo quando ignorou alertas de que não poderia entrar armado na sala do exame – ele era CAC – e quando o fez a arma disparou mesmo guardada na sua cintura, atingindo-o em região sensível da perna. Ele não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo.

Dessa vez, o CAC do dia não causou uma tragédia com morte nem a si mesmo e nem a terceiros. Mas certamente esse novo episódio pode ser didático: a arma adquirida provavelmente por uma questão de “liberdade” é o artefato que transformou seu portador em “foragido”. O mundo realmente não é plano e costuma dar voltas que fogem do nosso controle.

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