Por Lu Sudré, compartilhado de Brasil de Fato –
Vilmar Kalunga estará à frente da prefeitura de Cavalcante (GO) e dezenas de quilombolas ocuparão as câmaras municipais
A participação expressiva de quilombolas nas eleições municipais deste ano rendeu bons resultados. Segundo a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), 58 quilombolas foram eleitos em diversos estados do Brasil neste domingo (15).
Dos cerca de 500 quilombolas que concorreram, 56 foram eleitos vereadores, número comemorado pela organização.
“É um número muito significativo”, comemora Antônio Crioulo, coordenador executivo da Conaq que acompanhou de perto a pauta das candidaturas quilombolas.
“Com esse poder, entendemos que essas pessoas vão estar em seus municípios continuando na luta em defesa dos territórios, das comunidades”, afirma.
Crioulo ressalta a importância dos resultados alcançados na atual conjuntura política do país e mesmo em meio às dificuldades materiais para colocar as candidaturas e as campanhas de pé. Para ele, as eleições de lideranças quilombolas representam a ruptura com um sistema político tradicional onde a compra de votos, por exemplo, é uma prática corriqueira.
“Vamos tentar nos organizar para que as ações desses mandatos sejam alinhadas com o pensamento da Conaq e das comunidades quilombolas, que é sempre a defesa do coletivo, do território, o fortalecimento da identidade e a resistência a um sistema opressor”, destaca a liderança quilombola.
Quilombolas eleitos
Para o Executivo, foram eleitos o quilombola Vilmar Kalunga como prefeito da cidade de Cavalcante, em Goiás, e Nivaldo Araujo, em Alcântara, no Maranhão, como vice-prefeito.
A maioria dos quilombolas que estarão nas câmaras municipais em 2021 foram eleitos também no Maranhão, onde ocuparão 14 cadeiras.
Em Goiás, 9 candidaturas quilombolas foram eleitas, sendo 6 somente na cidade de Cavalcante.
Os números também são representativos nos demais estados: Na Bahia, 8 quilombolas foram eleitos. Em Pernambuco e Minas Gerais, 7 em cada estado.
No Tocantis, foram 4. Em Sergipe e no Piauí, foram 2 em cada estado. Pará e Ceará elegeram um quilombola cada un.
Os números ainda podem ser atualizados conforme a Conaq receber mais informações de candidatos em regiões mais distantes.
Edição: Leandro Melito