Publicado em Brasil 247 –
Enquanto restringe a distribuição de notícias, Facebook inunda a rede de propaganda paga dos pré-candidatos às eleições de 2018; é uma espécie de “horário eleitoral (não) gratuito” que está funcionando desde já, enquanto o horário gratuito nas TVs e rádios começa só em agosto; anúncios políticos no Facebook e nas demais redes sociais foram permitidos pelas regras eleitorais aprovadas no ano passado e, com mais de 100 milhões de usuários no país, a empresa americana passa a ter grande relevância na campanha eleitoral no Brasil -enquanto enche seus cofres
Enquanto restringe a distribuição de notícias, o Facebook está inundando a rede de propaganda paga dos pré-candidatos às eleições de 2018. É uma espécie de “horário eleitoral (não) gratuito” que está funcionando desde já, enquanto o horário gratuito nas TVs e rádios começa só em agosto. Os anúncios políticos no Facebook e nas demais redes sociais foram permitidos pelas regras eleitorais aprovadas no ano passado e, com mais de 100 milhões de usuários no país, a empresa americana passa a ter grande relevância na campanha eleitoral no Brasil -enquanto enche seus cofres.
Segundo especialistas em mídias sociais ouvidos pelo jornal Valor Econômico, a propaganda paga em meios digitais pode abrir brechas para a difusão – numa escala ainda não conhecida no Brasil – de conteúdos deturpados sobre candidaturas e até mesmo para possíveis interferências externas na formação de opinião dos eleitores. O fenômeno é agravado pela política da empresa de Mark Zuckerberg de reduzir crescentemente a circulação de notícias na rede, por duas ações combinadas: a mudança nos algoritmos e o teórico combate às “fake news”, que tornou agências de “checagem” e a empresa americana em censoras.
A compra de anúncios – ou, como se convencionou chamar, o impulsionamento de anúncios – no Facebook e em outras redes sociais permite aos candidatos escolher perfis de eleitores que querem atingir. Isso dá aos candidatos a chance de alcançar um número muito maior de usuários do que aqueles que já acompanham suas páginas e veem seus posts.
Uma amostra dos anúncios contratados por pré-candidatos aparece no site do projeto Eleições sem Fake, que monitora anúncios pagos no Facebook. O projeto é desenvolvido por acadêmicos da UFMG. Álvaro Dias (Pode), Flávio Rocha (PRB) Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol), Henrique Meirelles (MDB), Manuela D’Ávila (PCdoB), Marina Silva (Rede) são alguns dos que pagam anúncios no Facebook. Na mesma amostra, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece mencionado de forma elogiosa em anúncios pagos por aliados. Jair Bolsonaro (PSL) também aparece positivamente em anúncios de terceiros, assim como Ciro Gomes (PDT).
Os anúncios no Facebook são exibidos entre os posts de assuntos diversos replicados diariamente por amigos e conhecidos de cada usuário. A diferença é que nessas mensagens pagas aparece a palavra “Patrocinado”. Com um click, o usuário pode ver algumas informações porque aquele anúncio lhe foi enviado.
Neste momento de pré-campanha, candidatos não estão autorizados, segundo regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre impulsionamento de anúncios a pedir votos por meio dessas mensagens pagas. Mas a regra é facilmente burlada, pois nas mensagens patrocinadas, eles falam de suas propostas e de seu currículo.
Há igualmente segundo a mesma amostra do projeto da UFMG – uma longa lista de anúncios que contêm acusações, críticas e zombarias contra os candidatos ou a suas ideologias. São mensagens pagas por políticos, grupos e ativistas.
O Facebook promete uma ferramenta pela qual será possível ver todos os anúncios impulsionados por todos os candidatos e campanhas contratantes. Promete também exibir os valores recebidos por isso. São tentativas de dar mais transparência de sua atuação neste pleito.
Por meio de nota, a empresa afirmou: “Estamos comprometidos em aumentar a transparência dos anúncios políticos, e recentemente anunciamos medidas concretas para dar ainda mais informação às pessoas sobre os anúncios que elas veem no Facebook. Também estamos cooperando com autoridades eleitorais em todo o mundo, inclusive no Brasil, sobre temas relacionados à segurança online”.
Leia a íntegra da reportagem do Valor aqui.