Por Laurindo Lalo Leal Filho, jornalista, no Facebook 

Presença de bolsonaristas ao lado de Meirelles é a razão das renúncias

Sem discurso, sem propostas e rejeitado pela maioria da categoria, o ex-presidente da ABI, Domingos Meirelles, aposta todas as suas fichas na Justiça para poder continuar no comando da centenária instituição. Nos tribunais, ele já foi derrotado por seis vezes pela chapa 2 da oposição “ABI: LUTA PELA DEMOCRACIA”. Também perderá o recurso que impetrou na 22ª Câmara Cível do TJ-RJ, pedindo a suspensão da apuração dos votos da eleição realizada na quinta-feira (16/05).




Desesperado, Meirelles começa a enfrentar um novo tipo de problema: defecções em sua própria chapa. Nas últimas 48 horas, dois integrantes da chapa 1 da situação renunciaram. São eles: Felipe Pena que disputava a diretoria Cultural e Itamar Guerreiro que pleiteava uma posição no Conselho Fiscal.

Guerreiro foi sucinto em sua renúncia. Alegou razões de ordem pessoal. Já Felipe Pena, numa carta publicada no Facebook, vai ao cerne da questão: “… não posso continuar em uma chapa que tem entre seus integrantes um incondicional defensor de Bolsonaro, fato que só chegou ao meu conhecimento neste final de semana”.

Pena referia-se ao advogado Lindolfo Machado, postulante na chapa da situação à estratégica diretoria de administração. Ele é um daqueles bolsonaristas que faz questão de exibir, no seu endereço no Facebook, fotos ainda decoradas com a logomarca de campanha do candidato presidencial da extrema-direita.

Lindolfo não é o único defensor de Bolsonaro que marcha ao lado de Meirelles. Ele também se cercou de Orli Rodrigues, concorrente à diretoria de assistência social da associação. Entre outras coisas, este cidadão preside a Associação Brasileira de Mídias Evangélicas e é membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil.

Outro amigo de fé e irmão camarada de Meirelles é Elio Maccaferri, candidato como membro efetivo do Conselho Deliberativo. Em outubro de 2013, por exemplo, ele tomou posse como diretor de Jornalismo da UNIPAS – União de Pastores de São Paulo. Por fim, temos na chapa 1, Rafael Ventura, outro integrante do Conselho Fiscal.

Ventura diz ser tucano. Milita no “PSDB/Diversidade”, uma espécie de linha auxiliar do atual governador de São Paulo, João Dória, aquele que, na campanha presidencial do ano passado, veio ao Rio ajoelhar-se aos pés do capitão/candidato.

Como vem sendo dito há muito tempo, a questão na ABI não é só ideológica. Vai além de um posicionamento político pela direita, centro ou esquerda. Também não se trata de uma torcida clubista. A centenária instituição está exigindo que seus associados tenham posições claras e inquestionáveis com relação à proteção da Liberdade de Imprensa, Estado Democrático de Direito e a Democracia.

Estes três princípios uniram e mantêm mobilizado um contingente de mais de 200 jornalistas espalhados pelo País. Exatamente, como refletiu Felipe Pena, esses profissionais da comunicação entenderam que não é mais possível ficar de braços cruzados diante de tantas agressões ao direito de informar e ser informado.

Antes mesmo de assumir o poder, Jair Bolsonaro – ou alguém da sua família ou da sua equipe – não deixava passar um dia da semana sem agredir um jornalista ou um veículo de comunicação.

Ao contrário do que vocifera Meirelles, a ABI não é uma entidade voltada à conciliação e à contemplação. Como negociar um acordo com um governo cujas ações estão sempre apoiadas no confronto? Como defender a Liberdade de Imprensa ao lado de pessoas que professam os primados bolsonaristas?

Aí está o grande dilema da chapa 1 da situação. Entre seus 49 postulantes que ainda restam existem profissionais dignos, responsáveis e antenados com o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Uma parte considerável deles entende o desafio e o papel histórico que se apresenta para ABI, neste exato momento.

Seguir ao lado de Meirelles e do seu exército de bolsonaristas e fundamentalistas evangélicos tem tirado o sono destes profissionais. Especialmente, daqueles que construíram respeitáveis trajetórias profissionais e políticas.

O ex-presidente da ABI abandonou, de maneira deplorável, a disputa nas urnas. Preferiu sair pela porta dos fundos. Está obcecado em encontrar uma saída nos Tribunais. Não vai conseguir. Até lá verá a sua chapa se desintegrar, em praça pública, com renúncias umas atrás das outras.

“ABI: LUTA PELA DEMOCRACIA”
A VITÓRIA ESTÁ MUITO PRÓXIMA
AGORA É SÓ CONTAR OS VOTOS