Eliane Salek está de volta, por Aquiles Rique Reis

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Com sete faixas, selecionadas dentre os singles que foram lançados entre 2019 e 2023, o trabalho expõe, mais uma vez, o trabalho de Eliane.

Por Aquiles Rique Reis, compartilhado de Jornal GGN




Amigas e amigos leitores que costumam acompanhar esta coluna, hoje eu os convido a conhecer Mulher Brasileira (independente), o quinto álbum da mezzo soprano, pianista, flautista, compositora e arranjadora carioca Eliane Salek. Produzido por ela mesma, para acompanhá-la formou o Eliane Salek Trio, com Rômulo Gomes no baixo, Fabiano Salek na bateria e ela no piano e na flauta.

            Antes de falar sobre o disco, devo lhes dizer que acompanho Eliane há tempos. E digo isso porque revelarei agora como me derreti ao comentar o seu terceiro álbum, Eliane Salek — Modinhas e Chorinhos Eternos (independente), em 2009.

            “Mulher cantadeira, vais de campina em campina em busca da mais serena; mulher modinheira, a cada noite teu cantar mais resplandece (…) Nascida no berço dos Salek, teu nome se diz Eliane. Carregas na alma a música, nas mãos a beleza, na voz a criatividade do cantar brasileiro. Canto mágico, dedos ágeis, música profunda, que a Deus chega em forma de prece levada pelo vento matinal (…)”.

            Meu Deus! Mas voltemos ao Mulher Brasileira. Com apenas sete faixas, selecionadas dentre os singles que foram lançados entre 2019 e 2023, o trabalho expõe, mais uma vez, o trabalho de Eliane. Eis algumas:

            “A Rã”* (Joao Donato e Caetano Veloso) – o suingue come solto. O piano de Eliane se esmera em acordes dignos de João Donato. Seus agudos são bons e seus scats vocais, como sempre, se destacam. Rômulo improvisa, cantando as notas junto com as que toca no baixo. Grande abertura de tampa. O álbum promete, digo para mim mesmo. A ver.

            “Falsa Baiana” (Geraldo Pereira e Paulinho Motoca) – malemolente, Eliane inicia com vocalises. O jazzísmo explicito se revela em novos scats. Revelando-se empoderado, o arranjo de Eliane agita em levadas diferentes daquelas que se ativeram à concepção original de Geraldo Pereira. Voz e piano improvisam em uníssono. Rômulo assume o improviso, tendo Fabiano a ampará-lo. É quando tanto um quanto o outro revelam-se bons instrumentistas.

            “Barco a Vela” (Eliane Salek) – Eliane compôs um tema jazzístico e o envolveu num arranjo, onde pontifica o seu teclado com efeitos. A batera segue firme e entrega a melodia para seus improvisos vocais.

            “Jardin d’Hiver” (Keren Ann Zeidel e Benjamin Biolay) – Eliane abre com vocalises. Cantando em francês, ela saboreia cada palavra da letra, que se tornou famosa com a interpretação de Henri Salvador. Dialogando com o baixo em scats, o arranjo cria uma atmosfera digna de um cabaré franco-brasileiro.

            E assim, feito quem ouve um som que a alma prontamente reconhece como atraente, sugiro aos ouvintes da boa música brasileira que curtam Mulher Brasileira, novo trabalho de Eliane Salek.

Aquiles Rique Reis

     Nossos protetores nunca desistem de nós.

Correção! Na coluna anterior, onde se lê Vanessa Camargo, leia-se Vanessa Moreno. Peço encarecidas desculpas pelo erro.

Ficha técnica: gravação, mixagem e masterização, Ricardo Calafate.

A Rã*:

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