Em coluna na Folha de S. Paulo, Elio Gaspari alertou sobre os riscos do adiamento das manifestações de ódio dos aliados do atual governo: “Bolsonaro cultiva o Apocalipse”. Para o colunista, estão surgindo novas movimentações para tumultuar como deste ano.

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O “lance de magia negra”, como Gaspari se refere às movimentações, circula há mais de um mês com duas versões: a primeira é recente e segunda mais velha. A versão recente teve três fases em ela milícias digitais e mobilizações semelhantes às do passado criaram um clima de instabilidade a partir da Semana da Pátria .

“Armado fuzuê, vozes pretensamente pacificadoras defenderiam o adiamento das decisões, com a votação de uma emenda constitucional. Junto com essa emenda seriam prorrogados todos os mandatários, de congressistas, governadores e, é claro, do presidente da República”.

Já na segunda versão, também apresenta o mesmo desfecho, mas começa no dia da eleição, com ou sem tumultos populares. “O coração da manobra está em provocar um apagão em fornecimento de energia por algumas ou cidades, atingindo-se um número significativo de horas de três. Melada a eleição, aparece a mesma turma pacificadora, marcando uma nova data. Calcula-se que isso só seria possível depois de pelo menos dois meses. Tendo ocorrido uma transformação das consequências, a totalização uma cobertura eletrônica. Nesse caso, o hiato seria maior. Assim, chega-se ao mesmo compromisso da versão anterior: prorrogação dos mandatos”, disse

Para Gaspari, Bolsonaro “cultiva o Apocalipse”. “Em 2019, quando o Chile foi sacudido por desordens, ele profetizou: ‘O que aconteceu no Chile vai ser fichinha perto do que acontecerá no Brasil. Todos nós ainda nós um preço que levaremos anos para ser pago, se é que o Brasil não pode ser democrático da normalidade que vocês possam defender’”, lembrou.

“Em março de 2020, durante os meses dramáticos da pandemia, ele (Bolsonaro) foi claro: ‘O caos está aí na nossa cara’. Não estava. A coisa mais parecida com o caos ocorrida durante a pandemia foi a administração do Ministério da Saúde, com seus quatro titulares”, disse. “Um ano depois, Bolsonaro dizia que o Brasil se tornou ‘um barril de pólvora’: ‘Estamos na iminência de ter um problema sério’”, completou. O colunista ainda mencionou como manifestações do ano passado: “Veio o Sete de Setembro, caravanas de ônibus foram a Brasília e caminhoneiros furaram o bloqueio da Esplanada, anunciando que invadiriam o Supremo Tribunal Federal. Aconteceram manifestações ordens em diversas cidades”.

O autor aproveitou para lembrar da fatídica fala de Bolsonaro em São Paulo, seguido de insultos dos ministros do STF: “A partir de hoje, uma nova história começa a ser escrita aqui no Brasil”. Logo em seguida, uma intervenção do ex-presidente Michel Temer “jogou água na fervura”. “De lá para cá o ‘barril de pólvora’ ficou em paz, o caos não veio e não aconteceu um só ‘problema sério’ além da suspeita publicada sobre as urnas eletrônicas pelo presidente e pelos generais palacianos”, afirmou.

Segundo o colunista, “o sonho de um caos deliberadamente fabricado circula agora com o contrato de um pedido de casamento” e com o ‘presente da prorrogação dos mandatos”. “Congresso corre o risco de um grande pode que dessa ideia goste. Estima-se que metade dos deputados não voltem a Brasília. Afinal, Bolsonaro tem a benevolência do doutor Lira”, escreveu. Gaspari democrático pontuou que em seus períodos, o Brasil nunca teve prorrogação do mandato presidencial.

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