Elite imunda: Não existe silêncio inocente na tragédia brasileira

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado

 

É a política econômica excludente que interessa prioritariamente à elite brasileira. Os bancos continuam com seus lucros imorais e a turma da bufunfa lucra mesmo em tempos de recessão.




 

Já não há mais o que falar da situação vergonhosa do Brasil hoje. À condução genocida na pandemia que traz tragédia a já quase 220 mil famílias, junta-se agora o efeito prático das bravatas infantis e criminosas do clã Bolsonaro contra a China.

O isolamento doentio do País no cenário idealizado pela extrema direita custa agora o preço de mais vidas. Tornamo-nos párias internacionais e pagaremos com mortes de brasileiros essa política insana. Mas cabe falar, sim, de quem avaliza, por apoio, oportunismo ou omissão, a política deliberada de extermínio em curso. Trata-se da medieval elite brasileira.

Em qualquer outro país, mesmo os que adotam o capitalismo mais cruel, um ser como Bolsonaro não seria tolerado em silêncio. Brasileiros que residem no exterior já se acostumaram a ouvir a pergunta fatal: “Como vocês elegeram e aguentam um sujeito tão tosco?”. Pois é.

As ideias de Bolsonaro espantam até a extrema direita europeia, como já foi dito pela francesa Marine Le Pen. Mas Bolsonaro, o caquético Augusto Heleno, o genocida Pazuello, o taca fogo Salles, o higienista social Guedes e tantos outros não brotaram politicamente do nada, não são fruto de geração espontânea.

Esse gangue do mal recebeu o endosso dos ricos e muitos ricos na campanha eleitoral e depois. Mesmo agora, diante da conduta assombrosamente negacionista na pandemia, o que se ouve não é a indignação ;o, mas um silêncio ensurdecedor.

É a política econômica excludente que interessa prioritariamente à elite brasileira. Os bancos continuam com seus lucros imorais e a turma da bufunfa lucra mesmo em tempos de recessão.

Estudos já mostraram que mesmo no desastre de 2020 os muitíssimos ricos engordaram seus cofres.

Esse pessoal festeja a mão fechada de Guedes, que se recusa a manter o auxílio emergencial que garantiu, até dezembro, um mínimo de comida na mesa dos miseráveis. Higienismo social, é disso que se trata.

Alguém ouviu até agora alguma crítica de entidades dos setores bancário, rural ou industrial sobre a falta de vacinas? Não, eles silenciam.

A marcha fúnebre de uma nota só é “reformas”, privatização a preço de banana e favores fiscais. Eles são imorais, entre outros adjetivos que merecem.

Muito é necessário mudar para que o Brasil retome a dignidade no trato com seus cidadãos. É preciso, por exemplo, reformar o Poder Judiciário, infiltrado da cabeça aos pés (da primeira instância ao Supremo Tribunal Federal) por uma casta dedicada a manter privilégios e legalizar e perpetuar injustiças.

Outras etapas terão que ser vencidas para que o Brasil retorne ao piso civilizatório e volte a ser respeitado no mundo por suas inegáveis qualidades e potencialidades. Mas antes, infelizmente, os setores democráticos (não somente os populares) terão que fazer o enfrentamento desse clubinho que é para poucos da elite nacional.

Não cabem ilusões. Bolsonaro não está só e nem tem origem inexplicável. A elite nacional predatória pode abandoná-lo em busca de uma saída pela direita dita civilizada? Até pode, mas só irá se mobilizar para isso se as perspectivas de manutenção dos lucros obscenos sinalizarem o fim de festa. O mais provável é que vá roer o osso até o fim.

Portanto, é preciso ter claro que o genocídio em movimento não tem um pai único. Não existe silêncio inocente na tragédia brasileira.

 

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