As corporações mafiosas do mundo virtual mandam e desmandam sem controles. No Brasil, as big techs mandam no Supremo, no Ministério Público, nos políticos.
Por Moisés Mendes, compartilhado de Construir Resistência
A tentativa de enquadrá-las, com uma lei que combata fake news e faça com que assumam responsabilidades pelas mentiras que publicam, divide até as esquerdas.
O poder das organizações é ilimitado e debochado. A Globo mostrou ontem como o Twitter se comporta diante de um questionamento.
O Fantástico perguntou por email à direção do Twitter o que a empresa tinha a dizer sobre a exploração de violência e ódio por usuários, entre os quais crianças e adolescentes manipulados por adultos.
O Twitter respondeu como vem respondendo a todo mundo que tenta questionar suas atitudes de afronta a autoridades, leis, regras e ao bom senso.
Enviou à Globo um emoji de um cocô, numa resposta rasa e infantil. Um emoji igual ao da imagem que ilustra esse texto. A merda enviada por Musk foi mostrada no Fantástico.
Os fascistas são muito explícitos e ainda estão na fase anal. Mandam merda desenhada, mas não mandam merda escrita.
A resposta não tinha uma frase, uma linha, nada. Só o desenho da merda.
O Twitter de Elon Musk manda os jornalistas à merda, porque não quer conversa com ninguém e se acha acima de tudo e de todos.
O fascismo de Musk, que orienta a organização em detalhes, como no uso do desenho da merda em repostas a jornalistas, que é uma orientação pessoal dele, não é contido por ninguém.
Porque as corporações e todas as redes sociais vivem da audiência da extrema direita. E Musk é temido por todos, inclusive pela Globo, que teme também os grandes fascistas brasileiros.
Mas é boa a guerra que põe frente a frente, no debate sobre a lei contra fake news, os interesses da Globo e de Musk, do Google, do Face Book, do Instagram e de todas as formas de dominação do mundo nos espaços virtuais.
O projeto de lei 2630, que finalmente poderá fazer com que as big techs reduzam a divulgação de conteúdos mentirosos, violentos e fascistas, deve ser votado nesta terça-feira, sob ataque das corporações que vivem principalmente disso, da disseminação da mentira, do ódio e do fascismo.
(Espero que o Face Book, que censura fotos de crianças indígenas nuas, não censure esse texto por causa da merda, a imagem preferida de Elon Musk)
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Escreve também para os jornais Extra Classe, DCM e Brasil 247. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim). Foi colunista e editor especial de Zero Hora.