Compartilhado de Huffpost Brasil –
No Rio e em Porto Alegre, um terço dos eleitores não votou; Em São Paulo, índice foi de 29% e, em mais da metade das capitais, foi superior a 25%.
Em meio à pandemia, a abstenção nas eleições municipais atingiu, no primeiro turno neste domingo (15), o maior índice dos últimos 20 anos. De acordo com dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com 99,89% das urnas apuradas, 23,14% dos eleitores não votaram.
Em 2016, 25.073.027 eleitores (17,58%) deixaram de registrar o seu voto no primeiro turno. No segundo turno, esse percentual chegou a 21,55%, com a ausência de 7.109.616 eleitores.
Segundo levantamento feito pelo site G1, em 14 capitais – mais da metade das 26 com eleições municipais –, a abstenção foi superior a 25% e maior que em 2016. Em disputas importantes como Rio de Janeiro e Porto Alegre, um terço dos eleitores não foram às urnas: 32,8% e 33,1%, respectivamente. Em São Paulo, a abstenção foi de 29%.
O aumento era esperando devido à pandemia. Nos últimos anos, esses indicadores também têm crescido e são vistos por analistas como uma evidência de desinteresse dos brasileiros pela política.
Eleitores acima de 70 anos, que não são obrigados a votar e são grupo de risco para covid-19. Outro perfil apontados por cientistas políticos como menos engajados são eleitores de cidades em que a disputa já está praticamente definida, com base nas pesquisas eleitorais, como em Belo Horizonte, por exemplo.
Para evitar o contágio, o TSE adotou medidas como ampliar em uma hora horário de votação. As primeiras horas – de 7h às 10h – foram reservadas preferencialmente para eleitores acima de 60 anos.
Eleitores com febre ou que tenham sido diagnosticados com covid-19 nos 14 dias antes do pleito também não devem compareçam à votação. Essa é uma das justificativas que serão aceitas pela Justiça Eleitoral e precisa estar acompanhada de um atestado ou declaração médica.
Outro fator que pode ter impactado nos dados de abstenção são falhas no aplicativo e-título, usado tanto para identificar o eleitor na seção de votação quanto para saber informações sobre onde votar.
O aplicativo também pode ser usado para justificar a ausência no caso de quem estivesse fora do domicílio eleitoral em vez de ter de ir pessoalmente no dia do pleito. Até as 8h30 deste domingo, cerca de 400 mil eleitores haviam justificado a ausência dessa forma. O e-título tem um serviço de localização, que identifica a distância entre a pessoa e a respectiva seção eleitoral.
Nas primeiras horas deste domingo, os eleitores relataram problemas para acessar o aplicativo. Um dos erros é que quando o eleitor tenta concluir o cadastro e aparece a seguinte mensagem: ‘Desculpe! Algo saiu errado com sua solicitação. Pedimos a gentileza de tentar acessar este serviço dentro de alguns minutos. Caso o problema persista, verifique sua conexão com a internet.’
Também há relatos de problemas na hora de justificar o voto pelo e-título. Se o motivo para não votar não for uma questão geográfica, um documento que comprove a justificativa deverá ser anexado no aplicativo.
Isso pode ser feito até 60 dias após a data do turno que a pessoa faltou. Os eleitores nessa situação que não têm o e-Título terão de preencher o formulário de Requerimento de Justificativa Eleitoral (RJE) pelo site do TSE ou procurar um cartório eleitoral.
O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que um procedimento de segurança para evitar ataques é uma das causas para os problemas de acesso. De acordo com o magistrado, 13 milhões de aplicativos foram baixados, sendo 3 milhões entre sábado e domingo. A quantidade de acessos também impactou nas falhas.