Por Celeste Silveira, compartilhado de O Antropofagista –
Tucanos, parceiros de Moro e Globo no vale tudo contra o PT, agora, enfrentam o pesadelo que ajudaram a criar.
A alta plumagem do PSDB, que sempre pensou o país como colônia e, por isso, amesquinhou a política para agradar o clero dos abastados, vê-se hoje diante do próprio pesadelo que a ambição lhe vendia como sonho.
Usar as instituições de controle e a grande mídia para fazer delas as luzes de um partido opaco, sem liderança, criado para servir ao mercado, deu aos tucanos o que a própria natureza do partido tratava como matéria viva, depois que perderam a serventia, chumbo na asa.
FHC, Aécio, Aloísio Nunes, Serra, Alckmin e outros santos da purificação do país, que viveram dos holofotes da grande mídia para abastecê-los de discurso moralista, agora, são vítimas do mesmíssimo vale tudo que ajudaram a criar. E, ao contrário do que fizeram antes, usam o caminho inverso e desaparecem dos microfones e holofotes da grande mídia.
Sim, esse estado de coisa que deu em Bolsonaro, é uma tragédia criada pelo PSDB que, diante da incapacidade de fazer uma oposição política ao Lula e à Dilma, privatizaram essa prática, terceirizando para a mídia e judiciário a tarefa de construir uma imagem negativa da esquerda para surfar em eleições na esperança de conseguir compensar, através dos bastidores e porões, o que não conseguiam fazer nos palanques.
Resultado da operação: com a credibilidade totalmente perdida, em meio a uma guerra campal entre Bolsonaro e Moro, os tucanos se transformaram em prato principal para que os dois lados os usassem como exemplo de “imparcialidade”.
Lembrando que, do ponto de vista jurídico e econômico, os tucanos sempre estiveram do lado da Lava Jato contra o PT e de Temer e Bolsonaro contra os trabalhadores, em nome dos interesses dos senhores da “civilização tropical”.
Agora, consolam-se, como pangarés que são, em sumirem reduzindo-se a um longo exílio à procura de um buraco no oco de uma árvore velha até que a agitação do país passe e permita o regresso dos donos da sigla da ave de rapina nativa.
*Carlos Henrique Machado Freitas