Por Maria Teresa Cruz, compartilhado de Ponte Jornalismo –
Segundo morador, agressões foram cometidas na madrugada de domingo (1º/12), quando nove jovens morreram durante operação da polícia na favela
Em um vídeo filmado na favela de Paraisópolis, zona sul da cidade de São Paulo, um policial militar aparece armado com um pedaço de pau agredindo indiscriminadamente todas pessoas que passam por uma viela, na saída de um baile funk. Em alguns momentos, ele ri. Nem um jovem de muletas é poupado.
Segundo um morador da favela, as imagens foram feitas na madrugada de domingo (1º/12), quando nove pessoas foram mortas, possivelmente pisoteadas, durante uma operação policial.
O morador, que prefere não se identificar, afirma que o local das imagens é a Rua Ernest Renan e mostra uma das saídas da Viela Três Corações, berço do Baile da DZ7, onde há muitos anos funcionava um boteco de mesmo nome e que a música era o forró. “Com o tempo foi mudando até virar um ponto de baile funk que ficou muito conhecido”, conta.
No outro vídeo, é possível ouvir alguns estouros e barulho de vidro estilhaçando e ver, na sequência, uma multidão saindo de uma porta estreita, como se estivesse fugindo de alguma coisa. Esse local fica ao lado do UFC Bar Hookah, uma tabacaria localizada na Rua Manoel Antonio Pinto, uma travessa da Rua Ernest Renan, que corta a comunidade. “Essa cena do pessoal correndo é comum. A polícia chega armada e o que as pessoas que estão no baile vão fazer? Correr, claro, para tentar se proteger, tentar um abrigo”, afirma.
O local onde foram feitas as imagens do segundo vídeo é paralelo à avenida Rudolf Lutze, onde os PMs afirmam que iniciaram a suposta perseguição aos suspeitos que estariam em uma moto atirando.
“Precisa se apurar se de fato as imagens são do dia da ação policial que resultou nas 9 mortes. As imagens demonstram a violência policial e até um jovem com deficiência foi agredido. Os policiais se divertem com as agressões e o sofrimento das vítimas”, aponta Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana).
A Ponte procurou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de SP) para comentar os vídeos, mas, até o momento, não obteve retorno.