Por Hellen Alves, compartilhado de DCM –
O embaixador Paulo Roberto de Almeida, de 71 anos, foi às redes sociais, nesta sexta-feira (26), criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diante dos mais de 250 mil mortos pela Covid-19 e do negacionismo do governo.
“Não há mais nada a dizer sobre o estado de sanidade mental do MONSTRO que se disfarça de presidente para devastar a nação e assassinar brasileiros. Mas, e o estado de sanidade mental dos que o cercam? Vão continuar participando do GENOCÍDIO? Vão continuar servindo a um PSICOPATA?”, escreveu o diplomata.
Com 43 anos de carreira, Almeida denuncia estar sofrendo “retaliações financeiras” após ter começado a criticar publicamente o trabalho do chanceler bolsonarista Ernesto Araújo.
O diplomata foi demitido do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) em março de 2019 e acabou sendo alocado na Divisão de Comunicações e Arquivo, onde são exercidas funções de caráter burocrático.
Em setembro do mesmo ano, ele e outros colegas de vasta carreira no Itamaraty denunciaram que estavam no ostracismo por serem considerados desafetos de Ernesto Araújo.
Estima-se que ao menos dezesseis diplomatas estão na mesma situação, sendo que o custo desse desperdício de experiência é de cerca de 4,5 milhões de reais por ano.
Em 2020, Almeida deu entrada em uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal para responsabilizar a União por ações de assédio moral e de perseguição no Ministério das Relações Exteriores.
Ele acusa o Itamaraty de lhe imputar “faltas injustificadas”, o que teria gerado uma redução no pagamento ao qual tem direito. Por exemplo, o embaixador recebeu apenas 210 reais de salário no mês de janeiro, quando teve um desconto de 99% na remuneração.
Na época, o Itamaraty alegou que ele teria de indenizar o órgão por 20 faltas injustificadas entre maio e agosto de 2019.
Almeida, por sua vez, afirma não ter sido informado que as faltas estavam sendo computadas e diz ainda que apresentou os motivos das ausências nas datas marcadas, entre elas: participações em bancas de mestrado e doutorado, programas de pós-graduação e eventos políticos e diplomáticos, incluindo um cerimonial do Comando Militar em que o próprio Ernesto Araújo estava presente.
A ação tutelar de urgência movida pelo diplomata tem o objetivo de impedir novos descontos sumários em sua folha salarial, anular as “faltas indevidamente imputadas” e, quando for o caso, “o ressarcimento dos respectivos descontos”.
Ele cobra ainda que o Itamaraty o transfira para um posto de acordo com seu grau hierárquico, além de exigir que a União arque com o pagamento de uma multa de 50 mil reais por danos morais.