Publicado em Jornal GGN –
Na próxima segunda-feira, dia 10 de abril, o Sindicato dos Professores do Município do Rio e Região (Sinpro-Rio) irá promover o debate ‘Ensino Médio, para quê e para quem?’, no qual será discutida a reforma implementada pelo governo de Michel Temer.
Professor do Programa de Pós-graduação em Educação da UFF, Paulo Carrano afirma que o governo se aproveitou de um descontentamento legítimo para construir um sistema que vai negar o direito dos jovens a uma educação de qualidade.
“A reforma do ensino médio, ao definir itinerários formativos de forma precoce, pode levar uma grande parte da juventude a viver, ao final do ensino médio, um drama pela escolha compulsória ou precipitada. Mas, os mais atingidos sem dúvida por essa proposta serão os setores populares”, afirma Carlos Artexes, ex-coordenador do ensino médio e diretor de Educação Básica do MEC.
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Ensino Médio, para quê e para quem?
Professores debatem no Sinpro-Rio
A polêmica reforma do ensino imposta pelo governo ilegítimo de Michel Temer será discutida no debate “Ensino Médio, para quê e para quem?”, na sede do Sinpro-Rio, próxima segunda-feira, 10 de abril. O evento contará com os professores Carlos Artexes, Paulo Carrano e Silvana Bandoli Vargas, chefe do Departamento de história do Colégio Dom Pedro II (mediação). A abertura será do presidente do Sinpro-Rio, Oswaldo Teles.
“Os jovens diante do “novo”ensino médio no Brasil” será o tema de Paulo Carrano, doutor em Educação, professor do Programa de Pós-graduação em Educação da UFF, coordenador do Grupo de Pesquisa Observatório Jovem e primeiro Secretário da ANPEd – Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação.
Para o professor Carrano, ao editar a MP 746, que reformula o ensino médio, o governo Temer se aproveita de um descontentamento legítimo da juventude para construir um sistema baseado na negação do direito desses mesmos jovens a uma educação de qualidade.”
Carrano entende que o ensino médio necessita de mudanças, mas não da forma com que o atual governo impõe: “Eu acho que o ensino médio precisaria de uma concertação nacional. A gente pode até fazer um jogo de palavras: o governo federal está querendo consertar o ensino médio de cima para baixo, mas na verdade nós precisaríamos de uma concertação de baixo para cima. Ou seja, a sociedade discutindo que tipo de formação humana e cidadã, que tipo de técnico-profissional o ensino médio precisa oferecer para todos. Não uma decisão arbitrária, que não está tocando em pontos sensíveis que estão previstos no PNE: a valorização do professor, de condições de infraestrutura, de melhor formação desse professor para que ele dê conta de uma juventude que é contemporânea do seu tempo, mas que muitas vezes está sendo educada em valores, princípios, métodos ultrapassados”.
Já Carlos Artexes, ex-coordenador do ensino médio e diretor de Educação Básica do MEC, professor aposentado do CEFET-RJ e diretor do SESC, falará sobre o “Impacto na reforma do ensino médio”. Para Artexes, a simples constatação e identificação do problema não torna qualquer proposta apresentada como capaz de promover a solução desejada: “Constatar falhas é muito mais fácil do que promover soluções e algumas mudanças podem agravar ainda mais a situação inicialmente identificada, como mostra a história das diversas mudanças legais para o ensino médio no Brasil. Verdadeiras soluções são processuais e não resultam de decisões pontuais, midiáticas e imediatistas. A análise dos fenômenos educacionais é complexa e deve considerar suas dimensões conceituais, culturais, sociais e econômicas.”
Carlos Artexes ressalta que a classe pobre será a mais prejudicada com a medida: “A reforma do ensino médio, ao definir itinerários formativos de forma precoce, pode levar uma grande parte da juventude a viver, ao final do ensino médio, um drama pela escolha compulsória ou precipitada. Mas, os mais atingidos sem dúvida por essa proposta serão os setores populares, cerceados de suas possibilidades futuras e tendo que enfrentar ainda maiores dificuldades para superar o abismo das desigualdades sociais que são permanentemente (re)produzidas.”