Próximo governo deve rever a atual orientação dada ao BB, para que volte a ser direcionado para a maioria da população
Compartilhado de Jornal GGN
por João Fukunaga
Ao longo de sua existência o Banco do Brasil forneceu crédito à agricultura para que nosso país se tornasse um dos maiores produtores mundiais de alimentos. Financiou o crescimento da indústria e de atividades urbanas. Pioneiro, levou crédito a todas as regiões do país, contribuindo para a redução das desigualdades regionais. Suas operações de financiamento tiraram o Brasil da crise de 2008. O BB ajudou a reduzir as taxas de juros em 2012. Na pandemia, emprestou recursos para que muitos pequenos empresários e agricultores mantivessem seus negócios e os empregos.
O Banco do Brasil, nos últimos anos, vem se tornando um banco cada vez mais parecido com os bancos privados, orientado somente para gerar resultados financeiros de curto prazo e lucro para os acionistas, abandonando seu papel social imprescindível para a população brasileira. Cortou 23 mil funcionários e fechou mais de 1400 agências, a maioria na periferia das grandes cidades e nos municípios menores, comprometendo a dinâmica da economia nestas localidades, precarizando o atendimento e obrigando muitos a viajar quilômetros para ter acesso aos serviços bancários.
O BB foi o banco brasileiro que mais lucrou no segundo trimestre de 2022 e vem sendo um dos maiores pagadores de dividendos, beneficiando acionistas privados à custa da cobrança de elevadas tarifas e taxas de juros da população. O Banco deve gerar lucro e ser eficiente, mas não pode deixar de cumprir a missão pública para a qual foi criado.
Jornal GGN produzirá documentário sobre esquemas da ultradireita mundial e ameaça eleitoral. Saiba aqui como apoiar
Este processo destrutivo precisa ser interrompido. O BB cresceu, abriu agências, contratou funcionários e se fortaleceu quando cumpriu seu papel de banco público. É preciso retomar este caminho para o qual foi criado. Precisa atuar em todos os segmentos bancários e oferecer todos os serviços financeiros para a população. Mas deve priorizar o financiamento agrícola, sobretudo à agricultura familiar produtora de alimentos, fazendo parcerias para viabilizar assistência técnica. Precisa aumentar a concessão de crédito às micros, pequenas e médias empresas, que são as que mais geram empregos. Precisa voltar a financiar as cooperativas de produção, atividade fundamental para a fidelização de clientes.
O BB deve ser um instrumento de inclusão bancária, levando serviços bancários e crédito para microempresários individuais, comunidades periféricas e para as várias regiões do país, contribuindo para a redução das desigualdades sociais e regionais.
O Banco do Brasil que defendemos deve ser eficiente e lucrativo. Mas não pode reduzir sua atividade a um mero vendedor de produtos e serviços bancários, obrigando seus funcionários a empurrar produtos financeiros onde a população precisa de crédito para dinamizar a atividade econômica e crescer junto com o banco.
O Banco do Brasil que defendemos é um banco público que respeite seus funcionários como agentes da produção e do desenvolvimento, envolvidos em um processo de reconstrução do país e das empresas públicas.
Defendemos que o Banco do Brasil deve permanecer como banco público e ser fortalecido, porque ele sempre foi e sempre será fundamental em qualquer processo de retomada do crescimento econômico, financiando a agricultura e a produção para gerar empregos de qualidade.
O próximo governo deve rever a atual orientação dada ao banco, para que ele volte a ser direcionado para a maioria da população.
João Luiz Fukunaga é diretor-executivo do Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região, coordenador Nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil e mestre em História Social pela PUC-SP.