Entenda por que os EUA apoiam Israel rumo à nova Guerra Mundial: “Irã é o limite”

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Para Hugo Albuquerque III Guerra Mundial é inevitável e será derivada de uma “metástase” global de pequenos e médios conflitos, como ocorre na Ucrânia e na ofensiva do governo sionista, que mira agora o Irã

Por Plinio Teodoro, compartilhado de Fórum




Benjamin Netanyahu com o Exército Sionista de Israel.Créditos: Instagram / B. Netanyahu

Em entrevista ao Fórum Café nesta terça-feira (1º), o advogado e analista internacional Hugo Albuquerque, publisher da Jacobin Brasil, afirmou que o conflito propagado pelo governo sionista de Benjamin Netanyhau no Oriente Médio coloca o planeta na rota de uma terceira Guerra Mundial.

“Eu acredito que o Irã é o limite”, disse Albuquerque, que após atacar a Faixa de Gaza, o Líbano e o Iêmen, o Exército de Israel vai voltar os mísseis para a República Islâmica.

“O Irã não ataca porque a China e a Rússia falam para não fazer isso, está sob ameaça americana e tem tensões internas. Mas, eu acredito que essa guerra com o Irã está dada para acontecer e talvez o Irã entre ao ser atacado”, disse o analista.

Uma guerra mundial, portanto, é uma questão de tempo, até que as pequenas e médias frentes de batalha – como a do Oriente Médio e da Ucrânia – formem uma metástase, diz o especialista, fazendo analogia com o câncer quando se desprende do tumor principal e se espalha por todo o corpo.

“Como é que se evita a Guerra Mundial hoje? Aceitando que a nova Guerra Mundial é uma inevitabilidade. A gente precisa parar de falar em paz. Precisamos criar planos de contingência para a guerra que possa anulá-la ou mitigar seus efeitos. Agora um discurso abstrato de paz não vai evitar um estado de guerra global, que vai gerar pequenos e médios conflitos em muitas partes, até que esses pequenos e médios conflitos vão se unir numa grande metástase”.

O caminho do petróleo

Albuquerque ainda explica o motivo de, mesmo diante de um genocídio escancarado, Israel ter apoio dos EUA e de uma parcela do Ocidente.

Segundo o especialista, a razão está relacionada ao petróleo e há mais de 15 anos vem sendo tratado nos bastidores entre os governos dos EUA e os sionistas.

“Netanyahu precisa da guerra para se manter, mas esse é o aspecto subjetivo da conversa. Tem uma questão estrutural maior que é por que os EUA e o ocidente dão apoio a Israel. Os americanos já estão, ao menos o partido Democrata, há 15 anos tentando redesenhar a logística do petróleo no mundo”, conta.

“Grande parte do petróleo no mundo é produzido na Península Arábica e ele é escoado por mar, passando pelo Golfo Pérsico. Quando vai para a Europa, passa pelo Estreito de Bab El Mandeb, onde tem o Iêmen de um lado sob a mira dos russos, e passa pelo Canal de Suez. Isso cria uma complexidade logística, mas também geopolítica porque fatores de tensão podem interromper a distribuição de petróleo no mundo. Isso sempre interfere no preço do barril do petróleo, cria muitas variáveis. Qual o plano americano? Desde [Barack] Obama é despachar o grosso do petróleo no mundo por terra para cair, ao menos até a União Europeia, que é a terceira economia do mundo e não produz petróleo”, emenda Albuquerque.

Segundo ele, uma primeira tentativa para isso foi fomentar uma guerra na Síria, que não deu certo.

“Como faria isso? Teria que se criar gasodutos e oleodutos que caíssem no Mar Mediterrâneo. E o que tentaram fazer primeiro? Destruir o estado da Síria. O objetivo da destruição da Síria era esse”. 

Albuquerque explica, então, que os EUA tramaram com Israel para que o petróleo fosse escoado pelo país. No entanto, Gaza é onde havia a maior conexão do território com o Mar Mediterrâneo.

“Fazer Israel fazer as pazes com os países árabes, algo que os EUA estavam forçando, tinha o objetivo de Israel se tornar o porto, a torneira que mandaria o petróleo e o gás para a Europa. Mas, para isso era preciso fazer Israel ter paz, uma paz de mentirinha, com os árabes. Isso estava em curso nos acordos de Abrahão, com [Donald] Trump. E agora [Joe} Biden estava forçando a Arábia Saudita fazer as pazes, entre aspas, com Israel. E é ai que acontece o levante de 7 de outubro dos palestinos, diante do aperto do torniquete de Israel em Gaza. Talvez [isso serviu] para forçar o Hamas a agir e Israel ter a desculpa de invadir Gaza. Porque Gaza tem saída para o Mar Mediterrâneo. Do outro lado você tem a Europa. Então, muito possivelmente é uma manobra que interessa aos israelenses e americanos para redesenhar a logística do petróleo. Petróleo é energia e energia é dinheiro. A gente sempre tem que lembrar dessa fórmula na cabeça. E o dólar é que compra petróleo”, explica.

Segundo ele, a paz mundial só será possível quando o petróleo começar a ser comercializado em outras moedas, além do dólar. E é por esse motivo que a China oferece um risco aos planos da burguesia transnacional ligada tanto aos EUA, quanto a Israel.

“No dia em que começarem a comercializar o petróleo de outra forma, com outra moeda, o mundo muda. O que torna os EUA especial é que a moeda deles é a moeda mundial. O Trump já falou isso na campanha eleitoral. Então, além de uma questão cultural, religiosa e de disputa interna, tem um jogo maior ai ligado à estrutura da logística mundial do petróleo”.

Assista à entrevista

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