Entre o fato e a ficção, as fotos de Robert Capa não mentem

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Há 70 anos, morria o fotógrafo que soube se reinventar — e inventou o fotojornalismo de guerra

Por Marcello Rollemberg e arte de Diego Facundini*, compartilhado do Jornal da USP




na foto: O Soldado Caído, de 1936, imagem que marcou a Guerra Civil Espanhola – Foto: Robert Capa/MoMA

“Se a foto não ficou suficientemente boa é porque você não ficou perto o suficiente.” Com esta frase, quase um mantra em sua vida, Robert Capa pavimentou sua carreira por trás das câmeras e gerou um mito, criando imagens únicas e também flertando perigosamente com o perigo. Mas naquele dia 25 de maio de 1954, Capa ficou mais perto do que devia em sua busca incessante pela foto perfeita. Ele estava na Indochina francesa, hoje Vietnã, cobrindo a guerra que franceses colonialistas travavam contra vietcongues do líder comunista Ho Chi Minh desejosos de independência – a mesma guerra na qual os Estados Unidos entrariam até o pescoço nos anos 1960 e da qual seriam escorraçados no começo da década seguinte. Não era para Robert Capa estar ali, em uma região um tanto distante de Hanói. Ele deveria estar flanando pela Europa ou Estados Unidos, namorando belas mulheres e gastando mais do que devia depois de anos sendo considerado o mais importante fotojornalista de seu tempo. Mas a crônica falta de dinheiro e a vontade de restabelecer os níveis industriais de adrenalina em sua corrente sanguínea levaram-no a aceitar o convite da revista Life  para substituir um fotógrafo e cobrir a guerra no Extremo Oriente. E um mês depois de chegar, Capa deu seu passo em falso. Em meio a uma escaramuça entre franceses e vietcongues, ele, um tanto entediado, resolveu, como sempre, se arriscar. “Vou avançar um pouco pela estrada”, disse, e se embrenhou na mata densa. Minutos depois, militares e jornalistas ouviram uma forte explosão. Um soldado vietnamita disse a um militar francês: “O fotógrafo morreu”. Robert Capa havia pisado em uma mina. Ainda estava segurando, com a mão esquerda, sua câmera Contax. Tinha 40 anos de idade, mas parecia que havia vivido um século de histórias.

O fotógrafo Robert Capa – Foto: Reprodução/Extraída do livro Sangue e Champanhe: A vida de Robert Capa, de Alex Kershaw

Não é para menos. Afinal, em apenas quatro décadas de vida, Robert Capa se inventou, cobriu guerras mundo afora – a guerra civil espanhola e o conflito sino-japonês, ambos na década de 1930, o desembarque na Normandia em 1944, a primeira guerra árabe-israelense em 1948 e o fatídico conflito na Indochina –, bebeu com escritores do naipe de Ernest Hemingway, namorou musas do cinema como Ingrid Bergman e Hedy Lamarr e criou a primeira agência de fotojornalismo a trabalhar como cooperativa: a hoje respeitadíssima Magnum, em parceria com o não menos mítico Henri Cartier-Bresson e David “Chin” Seymour. Intensidade, é essa a palavra. E setenta anos depois de sua morte, ela continua valendo.

“Toda repercussão que Robert Capa é capaz de gerar não se deve somente ao corpo de imagens que talentosamente conseguiu produzir, muitas delas em situações dramáticas e extremas, que o colocavam sob grande risco. O seu perfil profissional, que perdura e se reforça com o tempo, muito tem a ver também com a sua consciência de que estaria construindo um personagem”, afirma o fotógrafo e professor da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP) Wagner Souza e Silva. “Seu interesse em tornar-se escritor, desejo que antecedeu sua própria entrada na fotografia, bem como sua aproximação com Hollywood – chegando a influenciar Hitchcock para moldar seu personagem principal no filme Janela Indiscreta – são indícios de sua inclinação para flertar com a ficção, uma dimensão que pode ter sido um componente decisivo de um modo de vida que parecia estar voltado para a construção de um mito”, contextualiza ele.

O professor Wagner Souza e Silva – Foto: Ricardo Alexino/Jornal da USP

Nem Robert, nem Capa

E a construção desse mito, da ficção em torno dele, não poderia escolher lugar mais perfeito: a Paris do começo dos anos 1930, quando os chamados “anos loucos” da década anterior haviam se esfumaçado pela crise de 1929 mas a loucura criativa continuava a grassar pelas ruas e bulevares parisienses e a atrair gente de toda parte do mundo. Da Hungria, por exemplo – como o aspirante a escritor e pobretão Endre Ernő Friedmann, que tirava fotos para tentar ganhar a vida. Ou da Alemanha, como a não menos pobretona Gerda Pohorylles. Em 1935, eles se conheceram e logo começaram um relacionamento. Um ano depois, geraram um fotógrafo. 

“Endre e Gerda decidiram criar uma associação de três pessoas. Gerda, que trabalhava numa agência de imagens, atuaria como secretária e representante de vendas; Endre prestaria serviço na câmara escura; e os dois seriam empregados por um rico, famoso e talentoso (além de imaginário) fotógrafo americano chamado Robert Capa, que na época supostamente visitava a França”, escreveu o jornalista americano John Hersey. Seguindo a criação de personagens, Gerda Pohorylles se tornou Gerda Taro. E o jovem húngaro Friedmann, que não era nem Robert, nem Capa, acabou assumindo a persona que o acompanharia pelas próximas duas décadas. 

 “Meu nome verdadeiro não era bom. Não conseguia trabalho. Robert parecia bem americano, e era como devia soar um nome. Capa também soava americano e era fácil de pronunciar. Assim, Bob Capa parecia um ótimo nome. Fui chegando com a minha pequena Leica, tirei algumas fotos e escrevi em cima ‘Bob Capa’, conseguindo vender pelo dobro do preço”, revelou o fotógrafo alguns anos depois de deixar de ser Endre e se tornar Robert – a metamorfose foi tão incisiva que ele, seguindo conselhos de Gerda Taro, adotou um novo corte de cabelo, bem curtinho atrás e dos lados, e passou a usar chapéu e um elegante sobretudo.

Robert Capa com o escritor John Steinbeck e sua mulher, Gwyn, num hotel em Paris, em 1947 – Foto: Center for Steinbeck Studies, San Jose State University/Reprodução/Extraída do livro Sangue e Champanhe: A vida de Robert Capa, de Alex Kershaw

Na verdade, o surgimento, digamos, “físico” de Robert Capa não foi tão simples assim – mas quase. No começo, “Robert Capa” era o nome em conjunto com o qual Endre Friedmann, Gerda Taro e David “Chin” Seymour  assinavam suas fotos. Normalmente, Friedmann tirava as fotos, Gerda as vendia e quem recebia o crédito era o imaginário Capa. Mas por vezes ela também ficava atrás das câmeras. Há suspeitas até hoje que muitas das fotos da Guerra Civil Espanhola creditadas a “Robert Capa” tenham sido tiradas por Gerda Taro. Mas quem acabou levando a fama foi Endre Friedmann, que já a partir de 1936, 1937, começava a assumir de vez a ideia de ser o fotógrafo inventado. 

Aos poucos, desconfiados, os editores descobriram que Friedmann e Capa eram a mesma pessoa, mas não havia mais nada a fazer. O homem que no início nem se interessava muito por fotografia, exceto para garantir a sobrevivência, reinventou-se completamente. E no lugar do judeu húngaro pobre e sem perspectivas, surgiu aquele que passaria a ser reconhecido como o mais brilhante fotógrafo de guerras de todos os tempos. Entre criador e criatura, no entanto, restaram obviamente vários pontos em comum – a queda irrefreável por bebidas e mulheres, por exemplo. E a fama de jogador inveterado, um apostador nato. Nas mesas de jogo, nos hipódromos e na vida. “O correspondente de guerra tem suas apostas – sua vida – nas próprias mãos, e pode preferir esse ou aquele cavalo, ou então resolver ficar na sua no último minuto. Eu sou um jogador, e resolvi partir com a primeira leva [de soldados]”, escreveu ele no livro Imagens da guerra, onde há um relato seu como o único fotógrafo a desembarcar com a primeira leva na praia Omaha, na Normandia, cenário do pior massacre do Dia D.

Pegou um táxi e foi à guerra

As fotos que Capa tirou na praia Omaha, naquele distante 6 de junho de 1944, ficaram famosas instantaneamente – e elevaram seu nome a um patamar até então desconhecido, por mais que seus outros trabalhos já chamassem muito a atenção. Capa era o fotógrafo ousado, destemido, aquele que queria ver a ação de perto – ficar perto o suficiente, lembram? “Henri Cartier-Bresson definia Robert Capa como ‘grande toureiro’. A comparação é instigante pois Capa recomendava aproximar-se do objeto a ser fotografado, uma flor, uma pessoa, um touro ou uma guerra”, relembra Atílio Avancini, professor de fotojornalismo na ECA. E Capa ficou perto do avanço aliado nas praias normandas. Perto o suficiente para registrar mais de uma centena de imagens. Enquanto soldados caíam mortos, Capa disparava sua câmera, registrando aquela ação alucinada. E, ao final do dia, conseguiu enviar de volta pelo Canal da Mancha os rolos de filme para a redação da revista Life em Londres. No entanto, por um erro do laboratorista, quase todas as fotos se perderam, sobrando onze  registros daquele dia que entrou na história.

O professor Atílio Avancini – Foto: Leila Kiyomura

Fato. Ou não? Porque talvez as coisas não tenham acontecido exatamente como foram contadas.

Em 2016, John G. Morris, editor de fotografia da Life em 1944, revelou que o mais provável é que a versão das mais de cem fotos não tenha sido mais que uma fábula criada pelo fotógrafo – e que o erro no laboratório seria inverossímil. Segundo Morris, Capa teria ficado envergonhado por ter feito apenas 11 instantâneos da invasão e não quis reconhecer seu “erro”. Como se conseguir tirar uma dezena de fotos em meio àquela carnificina não fosse suficientemente heroico.

Porque estamos falando de uma época em que heroísmo, romantismo, ideologias e guerra se misturavam de uma forma constante, em uma estranha simbiose. Afinal, a fama de Robert Capa – e de Gerda Taro – começou justamente na guerra que dividiu a Espanha e acabou por lançar o país na ditadura franquista que durou quatro décadas. Um conflito que serviu de antessala para a Segunda Guerra Mundial, com fascistas italianos e nazistas ao lado de Francisco Franco, enquanto brigadas internacionais reuniam gente de todo o mundo para lutar ao lado de anarquistas, comunistas e republicanos. Foi em meio a esse  cadinho de ideologias que Capa e Gerda chegaram a Madri para cobrir a guerra – e lá se juntaram a outros jornalistas, como Hemingway, Martha Gellhorn e Virginia Cowles. Todos dividindo o teto e o bar do Hotel Florida, que milagrosamente resistiu aos bombardeios a Madri feitos pelas tropas franquistas.

E havia um quê de “romantismo” – se é que se pode usar essa expressão em uma cobertura de guerra. Afinal, longe de maiores possibilidades de cobertura mais “profissional”, digamos, os jornalistas faziam o simples – e também inusitado: pegavam um táxi e iam o mais perto possível para cobrir as batalhas no front. Capa e Gerda Taro fizeram isso por vários lugares da Espanha, muitas vezes também pegando carona com carros militares. Em uma dessas boleias, Robert Capa talvez tenha sofrido o maior golpe de sua vida: a morte de Gerda Taro, durante a batalha de Brunete, a oeste de Madri.

Gerda Taro – Foto: Fred Stein/Reprodução/Extraída do livro Sangue e Champanhe: A vida de Robert Capa, de Alex Kershaw

Gerda fotografou muitas cenas da batalha e nem se importava com o bombardeio dos aviões fascistas: ela saía de seu esconderijo e fotografava com sua Leica as aeronaves lançando as bombas. E sempre com um elegante revólver na cintura. “Gerda já não via alguma diferença entre ela e os combatentes republicanos. Perdera qualquer noção de objetividade”, afirma Alex Kershaw em sua biografia de Robert Capa Sangue e champanhe, publicada no Brasil pela Editora Record. Gerda estava empenhada em cobrir a batalha e mesmo tendo que voltar a Paris para encontrar-se com Capa, que já havia saído da Espanha, resolveu ficar. No dia que ela deveria estar embarcando para a capital francesa – 26 de julho de 1937 –, ela subiu no estribo de um automóvel negro que deu carona a ela e a outro jornalista para irem para longe do campo de batalha. “Hoje daremos uma festa de despedida em Madri. Comprei champanhe”, disse ela, pendurada do lado de fora do carro, segundo Kershaw. Não andaram muito. Um tanque republicano desgovernado acertou o carro exatamente onde Gerda Taro estava. Ela morreu horas depois em um hospital na aldeia de El Escorial. Tinha 26 anos. Em Paris, Capa soube da notícia pelos jornais. Ficou perplexo, incrédulo com o que lera. Só foi cair em si quando o escritor surrealista e jornalista Louis Aragon, editor-chefe da Ce Soir, publicação para a qual ele e Gerda trabalhavam, confirmou tudo. Por mais que tenha se relacionado com muitas outras mulheres pelos anos seguintes, os amigos dizem que ele não a esqueceu. Para Capa, nunca houve mulher como Gerda.

Neblinas e sombras

É comum que a criação de um mito, de um personagem, seja rodeada de mistérios, de situações nunca bem explicadas, quase que vagando em um universo de neblinas e sombras. Com Robert Capa/Endre Friedmann não poderia ser diferente. Se as fotos do Dia D já haviam dado o que falar – e dão até hoje, já que especialistas ainda se debruçam sobre o estranho e suposto derretimento de quase uma centena de negativos, traçando conjecturas –, há outras histórias que remetem à Guerra Civil Espanhola e são igualmente curiosas e instigantes. Como a da famosa “valise mexicana”.

“Marco em direção ao fotojornalismo e passo valioso pela documentação política é a obra conhecida como ‘A valise mexicana’, com registros da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), célebre pela produção de 4.500 negativos dos fotojornalistas Robert Capa, David “Chim” Seymour e Gerda Taro. Considerada desaparecida desde 1939, a valise foi reapresentada somente em 2007 pelo International Center of Photography, em Nova York, vinda da Cidade do México”, conta Atílio Avancini, da ECA. “A mala era composta de três caixas pequenas de 126 rolos de filmes fotográficos, considerada a primeira documentação realizada presencialmente por fotógrafos no front. O conflito transformou a Europa e mostrou o trabalho de três fotojornalistas, estabelecendo as bases da fotografia de guerra dos tempos modernos”, afirma ele.

É justamente desse período espanhol que faz parte a primeira grande polêmica pairando sobre o mito Capa: a do soldado caído. A foto, que mostra um miliciano da região de Alcoy sendo alvejado por balas franquistas, é  considerada a mais famosa da guerra civil e uma das mais famosas e impactantes fotos de guerra jamais registradas. O que não impediu que ela fosse tratada, em algum momento, como fraude. Ora diziam que Capa havia pedido para o espanhol fingir levar um tiro, ora se dizia que a foto sequer era dele. Hoje, parece claro – se é que algo pode ser totalmente claro na vida de Robert Capa – que a foto é real. E foi ele quem a tirou.

“Capa registrou um soldado da milícia republicana espanhola quando foi alvejado por tiro fatal. A imagem foi publicada nas revistas Vu e Life, quando Robert Capa tinha 23 anos. Durante toda a sua vida, Capa havia defendido a autenticidade desta foto. Hoje há evidências que sustentam a verdade de The falling soldier”, esclarece Atílio Avancini. “Pelos estudos dos historiadores espanhóis Ricardo Baño e Mario Brotóns, o homem retratado foi identificado como Federico Borrell García, militante anarquista de 24 anos. Arquivos do governo espanhol revelaram que García foi o único membro da milícia da cidade de Alcoy morto na batalha de Cerro Muriano em 5 de setembro de 1936”, explica o professor da ECA.

Se muitas de suas histórias estavam envoltas em névoa, Robert Capa também tinha sua bruma particular. Por mais que levasse muitas vezes uma vida de bon vivant, ele via a vida mais em preto e branco do que multicolorida – não à toa, só foi testar os filmes coloridos um ano antes de morrer. Segundo o jornalista Arthur Lubow, as fotografias de Capa expressavam sua concepção da guerra como uma luta do bem contra o mal, uma espécie de percepção ética que também se refletia nos motivos que ele retratava. Um exemplo? Apesar de ser testemunha ocular de algumas das batalhas mais cruentas da primeira metade do século 20, são poucas as fotos suas que mostram gente morta ou cenas truculentas. Tudo por respeito às vítimas e ao público. Mesmo na Indochina, pouco antes de morrer, ele desejava retratar famílias vietnamitas em suas casas simples, nas plantações de arroz, pranteando seus mortos – um olhar social e humano em meio às atrocidades de uma guerra.

Esse olhar social ele levou também para uma empreitada junto com o escritor John Steinbeck, de As vinhas da ira, alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. “Testemunho do cotidiano, Capa aprimorou-se nos gêneros da fotografia de rua e da fotografia de guerra para as grandes reportagens. As imagens impressas da vida humana legitimavam o repórter da informação de um mundo distante das redes sociais. Evitava a trucagem, acreditando que o caminho consistia em observar a realidade presencialmente, usando a economia composicional. A inspiração vinha do gênero jornalismo literário”, explica Avancini. “Um exemplo disso foi a grande reportagem A Russian journal (1947) escrita por John Steinbeck e fotografada por Robert Capa, que partiu do pressuposto de manter distância dos militares do Kremlin e chegar ao povo russo. A dupla esteve presencialmente em Moscou entrevistando fontes populares, trabalharam em conjunto para alçar boas histórias que resultaram em livro”, lembra o professor. E então, depois de namorar atrizes belíssimas, se embebedar com John Huston e Hemingway, dar palestras mundo afora, Robert Capa foi para a Indochina. E quis olhar mais de perto. E pisou em uma mina. O biógrafo Alex Kershaw conta que John Steinbeck, grande amigo de Capa, “teria caminhado atordoado pelas ruas de Paris por 14 horas, tão arrasado ficou com a notícia”. Hemingway escreveu, dois dias depois da morte do fotógrafo: “Ele era tão vivo que fica muito duro pensar que está morto”. O jornalista John Morris disse: “Bob, o maior fotógrafo de guerra do século mais sanguinolento, detestava a guerra e desprezava seus monumentos e memoriais”. Humano, demasiado humano.

A última foto de Robert Capa vivo – Foto: Michel Descamps/SCOOP/Paris Match/Reprodução/Extraída do livro Sangue e Champanhe: A vida de Robert Capa, de Alex Kershaw

*Estagiário sob supervisão de Moisés Dorado

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