Por João Tavares, jornalista, para o Bem Blogado
Sobre a tragédia/crime no ‘Ninho do Urubu’, uma questão central ainda não foi abordada por nenhum órgão de imprensa: a relação promíscua entre empresários, dirigentes e familiares desses jogadores.
Garotos de 10, 12, 14 anos, vivendo a centenas de quilômetros de suas famílias e de cidades de origem (a maioria bons de bola, pobres e com alfabetização precária).
A imprensa fala em ‘empresários’, quando o certo seria dizer gigolôs de possíveis e futuros talentos.
Mais do que verificar locais de alojamento (na sua grande maioria melhores do que nas casas dos garotos) é preciso verificar a relação jurídico/trabalhista de cada um deles.
São os ‘neoescravos’ de luxo. Mantidos em cativeiro para posterior comercialização dentro do Brasil ou no exterior. E com lucros para empresários e clubes que investem nesse tipo de ‘gado nobre’.
O cerne da questão é que para cada Neymar ou Vinicius Júnior que chegam ao estrelato, milhares de ‘joões’ ficam entre o sonho não realizado e o pesadelo de uma nova vida para qual os seus agentes não os prepararam.