Por Ana Roxo em Nocaute –
“Seria muito bom se a escola tivesse o poder de influenciar as pessoas do jeito como a Escola sem Partido acha que as escolas têm. Infelizmente, parece que a idiotice influencia mais”.
Tem algumas questões que parece que a gente vai ter que repetir durante algum tempo, infelizmente, porque é bastante absurdo falar disso ainda.
É uma coisa que a gente achou que ia passar como um hit cafona, meio ruim do Carnaval. Não passou, continua aí, está avançando, cada vez mais sério e a gente não está falando tanto com a seriedade que precisa, que é uma idiotice chamada Escola Sem Partido.
Pelo amor de Deus. A gente tem que explicar coisas muito básicas para pessoas que parece que não foram nem na escola, nem com partido, nem sem partido. É um analfabetismo sobre o que significa a escola que é de chocar.
Por princípio, a escola vai ampliar a visão do seu filho para além do núcleo familiar. Se fosse para o seu filho ficar só com o que você pensa, ele não precisava ir na escola. Ele ficava só ouvindo você falar. Então ele vai na escola para aprender coisas. Quais são coisas? Coisas sobre o mundo, vários pontos de vista sobre o mundo. E isso se chama formação de cidadão. Isso não chama doutrinação.
Na nossa sociedade a escola é o primeiro convívio social que uma criança tem. É quando ela sai do núcleo familiar e ela vai ter contato com outras pessoas que pensam de outro jeito, que vêm de outros núcleos. E com professores que estão ali, responsáveis não só para passar um conteúdo, que é um conteúdo programático, um conteúdo cada vez mais, infelizmente, voltado para o vestibular, mas é um conteúdo. Mas também para conviver junto, para estabelecer um primeiro contato com o que é um cidadão, o que é a cidadania, o convívio social.
Quem dera as escolas fossem politizadas do jeito que vocês acham que são porque a gente estaria discutindo política desde três anos de idade, e isso seria maravilhoso.
Todos os atos dos homens são políticos e a gente tem que discutir desde cedo. Mas, o que acontece, de fato, é que tem o professor de história, de geografia, quando muito tem um professor de filosofia lá, que daqui a pouco não vai ter mais, e que puxam uns assuntos políticos que nem são tão cabeludos assim. Para falar de violência contra a mulher, mas é algo que precisa ser falado. “Ahhh, não pode! Não pode falar de gênero!”.
O que vocês têm na cabeça? O que vocês estão pensando? A grande maioria dos professores, na verdade, está preocupada em como eles vão pagar as contas deles com o salário miserável que eles têm do que ficar doutrinando seu filho.
A relação família e escola não é uma relação de oposição. Não é escola versus família. Mas tem que ser sim uma relação de contraponto. Se você está certo de que a sua visão é tão sólida, que você é um cidadão de bem, por que você está tão preocupado com o que um professorzinho vai falar para o seu filho? Você não discute política no jantar todas as noites? Você não está formando ele? Você não tem uma ampla visão sobre o mundo que pode fornecer para o seu filho a melhor arcabouço intelectual para que ele se insira no mercado? Não, não tem, né? E É para isso que serve escola.
E além disso, esses projetos de Escola sem Partido consideram que um jovem de 14, 15 anos é idiota. Coisas que eles não são. Inclusive jovens têm feito muito mais pela luta e pela conquista dos direitos do que muita gente de meia idade.
Tolo é você que acha que é na escola que se aprende tudo. Porque estamos: tanã! na era da internet, querido. Seria muito bom se a escola tivesse o poder de influenciar as pessoas do jeito como a Escola sem Partido acha que as escolas têm. Infelizmente, parece que a idiotice influencia mais.
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