Muito se fala sobre uma suposta melhor qualidade das escolas militares (ou cívico-militares) comparadas às outras escolas públicas. Pois bem, a realidade é bem diferente. Tomando por base apenas as escolas de Santa Catarina e o vestibular da UFSC, vamos aos números.
Por Walter Pereira Carpes Jr., compartilhado de Construir Resistência
O maior colégio militar do estado, o Colégio Militar Feliciano Nunes Pires, aqui de Florianópolis, teve 81 alunos que fizeram o vestibular da UFSC. Desses, apenas 17 foram aprovados (taxa de aprovação de 21%). Das cinco escolas de Santa Catarina que foram certificadas no final do ano passado como “cívico-militares”, houve um total de cinco candidatos, com nenhuma aprovação.
A título de comparação, eis a taxa de aprovação em algumas escolas públicas aqui do estado: IFSC Florianópolis (53%), IFSC Criciúma (42%), IFSC Palhoça (35%), IFSC Garopaba (39%), IFSC Canoinhas (50%), IFSC Gaspar (28%), IFSC Itajaí (42%), IFSC São Miguel do Oeste (31%), IFC Blumenau (40%), IFC Brusque (40%), IFC Concórdia (49%), IFC São Bento do Sul (46%), Colégio de Aplicação da UFSC (37%).
Caso se queira comparar apenas com algumas escolas estaduais aqui de Florianópolis: Instituto Estadual de Educação (27%), Aderbal Ramos da Silva (29%), Getúlio Vargas (26%), Ildefonso Linhares (55%), D. Jaime Câmara (29%), Leonor de Barros (43%), Aníbal Nunes Pires (52%), Jacó Anderle (31%), Júlio da Costa Neves (47%) e Simão Hess (30%).
Como se vê, ainda que os investimentos nos colégios militares sejam bem maiores do que em outras escolas estaduais, o desempenho é pior. Poderia falar de outros aspectos, mas acho que nem é necessário. Em suma: não se iludam com propaganda enganosa!
Fonte: https://bit.ly/3JIup00
Walter Pereira Carpes Jr. é doutor em engenharia elétrica pela Université de Paris Sud 11 e professor da Universidade Federal de Santa Catarina