Escolha do vice: “qualquer um serve, desde que traga tempo de TV”

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Por Gustavo Conde, no Facebook

 

E os vices continuam sendo escolhidos como sempre foram no Brasil: na base do “qualquer um serve, desde que traga tempo de TV”.




A lição “Temer” deveria ter sido aprendida. Claro que falo dos partidos do golpe, PSDB em destaque – porque o PT aprendeu e vai apresentar um vice de respeito daqui a algumas semanas.

Na verdade, a melhor escolha de candidato a vice-presidente da história foi a de Lula, que nunca foi bobo nem nada. José Alencar deu uma estabilidade política sensacional a Lula, elegante e leal que era.

Tanto que a referência encarnou no próprio filho. Foi só Lula acenar para Josué Alencar, que os partidos golpistas embaralharam o campo como moscas varejeiras. Todos querem Josué Alencar como vice.

Sabiamente, Alencar rechaçou Alckmin que no meu entendimento, vai penar para achar um vice que lhe aceite como cabeça de chapa. Ser vice de Alckmin deve ser um dos mais tétricos pesadelos políticos que algum pretendente a protagonismo poderia imaginar.

Essa chapa de Alckmin começa muito podre. Tem todo o centrão ali dando as cartas. O vice deverá ser um fantoche dos bons, desses quase lobotomizados (ou um larápio, tipo Roberto Jefferson, com preço e lista de chantagens pronta).

Todos os políticos com um mínimo de dignidade e amor próprio já rechaçaram Alckmin: Josué Alencar e Álvaro Dias. Aldo Rebelo, a bola da vez, está pressionado, mas tenho dúvidas se ele se prestaria a esse papel. Ele tem ‘alguma’ biografia.

De sorte que a escolha de vice, com exceção do PT (que aprendeu a lição) e do Psol (que escolheu uma liderança indígena para a função, a interessante Sonia Guajajara), continua no limbo da intelecção precária.

Temer deveria ser a eterna referência negativa para que a escolha de candidato a vice fosse um pouquinho mais democrática e representativa, afinal de contas, o vice tem um papel muito importante e, às vezes, decisivo.

Nesse sentido, o protocolo do escolha de candidato a vice-presidente nos EUA é bem mais inteligente. O papel ali é de protagonismo e de muita ação, não esse limbo decorativo que se impregnou na cultura política brasileira.

Um candidato a vice-presidente merece respeito. Ele deve ter agenda própria e estar no pleno gozo de sua soberania de espírito.

Quando o Brasil respeitar mais essa função, teremos superado mais um degrau rumo a uma democracia digna do nome.

Antes disso, no entanto, precisamos re-instaurar a democracia básica, que nos foi usurpada por um vice presidente medíocre.

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