Por Marcelo Moutinho, jornalista, escritor, de sua página no Facebook
“Sei que dizer isso publicamente pode me trazer prejuízos como escritor, mas não vou me furtar a lamentar a escolha de Elizabeth Bishop como homenageada da FLIP 2020.
Nada contra a poeta, de cuja obra sou admirador. Mas quando a cultura brasileira está sob fortíssimo ataque, como política de Estado, a opção por uma autora norte-americana me parece um baita equívoco. Por mais que sejam notórias suas ligações com nosso país.
Ademais, há outra questão: o conhecido apoio da escritora ao Golpe de 64. Todas as pessoas têm o direito de errar, e de fazer suas próprias revisões. Não me filio a patrulhas eternas. Me pergunto, porém, se nesse momento de loas efusivas à ditadura, e mesmo à tortura, não seria o caso de prestar tributo a quem tenha uma história de compromisso com a democracia sem maiores hesitações.
Aliás, a crítica que faço aqui é parte dela, da democracia. E assim espero que seja lida.”