Por Fernando Miller, compartilhado de DCM –
O drama vivido pelo cantor Agnaldo Timóteo, internado em estado grave com Covid-19 mesmo depois de ter sido vacinado, vem despertando uma dúvida nas pessoas: por qual motivo pessoas vacinadas ainda são infectados pelo coronavírus?
Para responder a essa pergunta, a reportagem do DCM ouviu dois especialistas: a Dra. Flor Ernestina Martinez Espinosa, médica especializada em doenças tropicais e o Dr. Marcos Caseiro, renomado infectologista radicado na cidade de cidade de Santos.
A Dra. Flor Ernestina respondeu o seguinte:
Existem três possibilidades em que isso pode acontecer: a primeira é se a pessoa se vacinou já infectada, uma vez que a incubação pode ser de 14 dias, e não houve oportunidade do organismo em montar a resposta da imunidade. Outra possibilidade é a de que, embora a frequência de infecção vai diminuindo nos vacinados a medida em que o tempo passa, a infecção pode ocorrer entre a primeira e a segunda dose.
A terceira é a de falha na capacidade de montar uma resposta imune depois de vacinado. Essa terceira só se faz perceptível após a aplicação em massa das vacinas, é algo que os testes dos laboratórios não conseguem detectar com precisão.
O Dr. Marcos Caseiro falou o seguinte:
A vacina só funciona 14 dias depois de tomada a segunda dose. Não há vacina que promova a proteção integral das pessoas e há pessoas que ainda assim não desenvolverão os anticorpos, sendo esse um fator que garante a imunidade de rebanho, pois quanto maior a quantidade de pessoas imunizadas, menor a circulação do vírus, o que indiretamente protege as pessoas a quem a vacina não surtiu o efeito esperado.
Ou seja: ou o organismo da pessoa vacinada não teve tempo de desenvolver os anticorpos ou a vacina efetivamente não cumpriu seu papel. Há que se considerar também que as pessoas mais idosas são mais refratárias ao êxito da vacina, em função da imunossenescência, ou seja, a deterioração natural do sistema imunológico produzido pelo envelhecimento.