(Texto de Fabio Biriba Lau e José Sergio Biriba Rocha)
No próximo dia 14 de setembro, segunda-feira, um grupo de torcedores do Botafogo têm encontro marcado no bar Carioca da Gema (Mem de Sá nº 79, Lapa) para festejar os 70 anos de seu eterno mascote Biriba (na foto, liderando a parada da vitória no campeonato carioca de 1948), o vira-lata mais sacana da história do futebol mundial.
A concentração será a partir das 18 horas, com promoção de chope até 21h30 para quem estiver trajando a camisa do aniversariante ou do Glorioso.
Filho de uma fox terrier e de pai desconhecido, Biriba nasceu em 1945 numa esquina de Copacabana, nas imediações da Rua Miguel Lemos, onde viveu nas calçadas até ser adotado pelo zagueiro Macaé.
Mas foi aos 3 anos de idade que ficou conhecido. No ano de 1948, sob a batuta do presidente Carlito Rocha, o Botafogo sonhava com o título que não vinha desde o tetracampeonato de 1932-33-34-45. O dirigente via sua imagem de empreendedor e apaixonado torcedor ser trocada pela de azarado. Muitos já desconfiavam do seu talento como gestor. Foi quando um fato novo surgiu e entrou para a história do clube. E era uma história de quatro patas.
Um vira-lata preto e branco foi levado a General Severiano pelo zagueiro titular, Macaé. O cão, arisco e determinado, só permitia que Carlito, além do próprio Macaé, o pegassem no colo. E foi assim, quase cumprindo um ritual, que o presidente apresentou um a um aos atletas o cachorro que tinha nome para lá de incomum: Biriba. O nome não veio por acaso: tratava-se do jogo de cartas que atletas apostavam valendo dinheiro antes dos jogos num período pré-concentração.
E no terceiro jogo do campeonato carioca, Macaé fez o cão, que até então só era íntimo de alguns jogadores, virar uma celebridade. Levou Biriba para o gramado e o soltou. A festa na arquibancada foi imediata por uma razão: os juízes ingleses, que estreavam no futebol do Rio, com sua fleuma de lordes reverentes à Rainha, se irritaram com a presença do cachorro e mandaram que o tirassem.
Funcionários, policiais, atletas, ninguém conseguia alcançar o cão. E os próprios juízes, com seus cabelos engomados, partiram para cima. E Biriba, que ainda não conhecia Garrincha, driblava um a um.
Os jogadores adversários, do Madureira, também tentaram sem sucesso agarrar o mascote pelo rabo, orelha, focinho. Que nada!!! E a arquibancada, em peso, gritava “Olé!”. Biriba só saiu de campo, para começar a partida, quando cansou e foi finalmente apanhado por Carlito Rocha.
O placar do jogo preliminar determinou a sorte do cão e a importância que teria na história: Botafogo 10 a 2. A partir daí, Biriba seria presença obrigatória em partidas no Rio, no Brasil e no exterior. Fizesse chuva ou sol.
Sua morte foi devidamente registrada pelos jornais no dia 11/8/58). Curiosamente, o cão surgiu com um título e despediu-se com outro, o de 1957. E como se a torcida já preparasse a despedida do mascote, que morreria no ano seguinte, gritou seu nome na arquibancada do Maracanã.
Não se tem notícia de um estádio inteiro (100 mil pagantes) prestando tamanha homenagem a um cachorro.