Redação – O estado policialesco em que se tornou o Brasil nos últimos tempos é repleto de truculência, prepotência e incoerências (a sucessão de rimas não foi intencional). Os excessos nas chamadas cautelares impostas nas investigações judiciais chamam mais atenção ainda quando, por outro lado, alguns são beneficiados por fazerem parte do grupo que se aboletou no poder.
Sabemos de pessoas que, por estarem sendo investigadas, não podem sair do município onde moram sem a solicitação de autorização judicial, têm seus bens bloqueados e são proibidos de manter contato com outros investigados. Pagam uma dura pena antes de serem indiciados. Vale também para os que sofrem a “espetacularização” das prisões temporárias ou das conduções coercitivas. Sem falarmos daqueles que estão presos, mesmo sem provas materiais do suposto delito. O senador Aécio Neves, no entanto, escolheu hora e local para depor na Polícia Federal na semana entre o Natal e ano Novo. Nada contra, desde que isso fosse regra e não um privilégio nesses tempos hipócritas.
O mesmo senador, dezenas de vezes mencionado em vazamentos de delações premiadas da Operação Lava Jato, pode cochichar, soltar risinhos, fazer confidências ao “pé” do ouvido, com o juiz de primeira instância, Sérgio Moro em festa de revista que deveria estar fazendo jornalismo e não proselitismo. Já o presidente golpista Michel Temer viaja para Portugal juntinho com Gilmar Mendes, o ministro do Supremo e presidente do TSE – Tribunal Superior Eleitoral que irá julgá-lo por crime eleitoral.
Lá vãos os dois, ao lado de outro delatado na Lava Jato, ministro Eliseu Padilha, para o enterro de Mário Soares. O ex-primeiro-ministro de Portugal, por sua luta pela democracia, não merecia, decididamente, isso. Nem o povo brasileiro.
* Título inspirado na letra da música “Estado Violência”, do grupo Titãs