Nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, aliados do presidente Lula ou vencerão as eleições no primeiro turno, caso de Eduardo Paes no Rio, ou tem presença praticamente assegurada no segundo turno, como Boulos em São Paulo.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Foto: Ricardo Stuckert/Clauber Cleber Caetano
Além de concorrer com chances em vários municípios com mais de 200 mil habitantes, o PT lidera em capitais como Natal, com a deputada federal Natália Bonavides; em Terezina, onde o deputado estadual Fábio Novo está bem à frente e com grandes possibilidades de vencer no primeiro turno; em Goiânia, com a deputada federal Adriana Accorci, que está primeiro, mas em situação de empate técnico; e em Fortaleza, onde, embora se verifique empate triplo, o candidato petista, deputado estadual Evandro Leitão, está em ascensão.
Em Porto Alegre, a depender das pesquisas, a candidata petista Maria do Rosário ou aparece empatada tecnicamente com o atual prefeito, ou em segundo a caminho da disputa do segundo turno. Já em Belém, o prefeito Edmilson Valentim, do PSOL, candidato à reeleição com um vice do PT, ostenta a terceira colocação, mas ainda pode chegar ao segundo turno. No Recife, o prefeito João Campos, aliado de Lula, nada de braçada com 75% das intenções de voto.
Em uma de suas principais vitrines nacionais e internacionais, a cidade de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, o PT praticamente não tem adversários, pois o deputado federal Washington Quaquá, ex-prefeito, tem folgada dianteira, com mais de 80% das intenções de voto, rumo ao quinto mandato consecutivo do partido.
Como se vê a situação está longe de ser de terra arrasada. Contudo, o ensaio da linha jornalística do pós-eleições da imprensa comercial já se faz notar. A partir de domingo à noite, quando as urnas fecharem, os telespectadores da GloboNews serão bombardeados por balanços rasos e comentários simplistas e distorcidos dos resultados do primeiro turno.
A partir de premissas falsas, meias verdades e conclusões sobre os desdobramentos dos resultados que não guardam relação com o histórico dos pleitos municipais no Brasil, o distinto público ouvirá e lerá as matérias-tese (definição preliminar de uma tese jornalística a ser referendada sobre pau e pedra, ao arrepio dos fatos, se for preciso), segundo as quais os maiores derrotados das eleições foram Lula, o PT e o conjunto das forças de esquerda.
Na certa, não faltarão comentaristas lembrando os efeitos “catastróficos” da votação para o campo progressista, em 2026. Já começaram a pipocar inclusive notícias sobre a superioridade de Bolsonaro e aliados versus Lula e aliados nas pesquisas até agora, especialmente nas eleições das capitais.
E os cálculos são feitos através de uma conta burra que despreza o número de eleitores das capitais, conferindo peso igual a todas elas, mesmo que umas tenham população 10 vezes maiores do que outras.
Em relação ao PT, pouco ou nada se falará a respeito da tática do partido de renunciar a lançar candidatos em parte considerável das capitais, para apoiar aliados.
Será repetida como um mantra que os resultados das eleições para vereadores e prefeitos cacifa a extrema-direita e o Centrão para as eleições de deputados, senadores, governadores e, principalmente, presidente da República, daqui a dois anos.
Claro que não se darão ao trabalho de cruzar os dados dos pleitos municipais e para a presidência da República, da redemocratização para cá. Se o fizessem, veriam que é residual a influência dos vereadores e prefeitos na disputa presidencial.
A tal nacionalização da eleição municipal nos grandes centros, cantada em prosa e verso pela imprensa, embora no passado tivesse certo peso em algumas metrópoles brasileiras, se perdeu na poeira. O que move o eleitor para escolher representantes na esfera municipal, em geral, são questões bem distintas das nacionais.
Mas é inegável que a eleição municipal de aliados pode pavimentar o caminho eleitoral de candidatos a deputado nas eleições seguintes. Em menor grau, candidatos ao Senado e aos governos também podem se beneficiar. Isso se os prefeitos estiverem com a popularidade em alta, o que está sujeito a chuvas e trovoadas, já que terá passado o período de lua de mel com o eleitorado