Uma antiga piada – de gosto duvidoso – colocava em questão se o estado do Acre, o mais distanciado dos grandes centros urbanos brasileiros, realmente existia. O filme “Noites Alienígenas”, que estreia nos cinemas do país nesta quinta, 30/03, vem comprovar não apenas que o Acre existe, como também faz cinema. E premiado! Em sua estreia mundial no Festival de Gramado, em agosto do ano passado, o longa acreano levou os Kikitos de Melhor Filme, Ator (Gabriel Knoxx), Atriz Coadjuvante (Joana Gatis), Ator Coadjuvante (Chico Diaz), Menção Honrosa ao ator Adanilo Reis, e o prêmio do Júri da Crítica.
Por Celso Sabadin, compartilhado de Planeta Tela
Assim como vários clássicos do gênero policial, “Noites Alienígenas” coloca em rota de colisão um grupo de pessoas que cresceram juntas numa mesma região, mas que se embrenham pelos caminhos conflitantes da criminalidade. O jovem Riva (Gabriel Knoxx) comercializa as drogas do empático e lírico Alê (Chico Diaz), fascinante personagem que – como se dizia na minha época de colégio – “voltou a pé de Woodstock e tá chegando agora”. No universo de carências crescentes e urgentes da periferia de Rio Branco, Riva almeja voos maiores tentando entrar para a “Família”, grupo de traficantes mais organizado – e muito mais letal – que o pequeno negócio de Alê.
Em clima de tensão crescente, outros personagens, unidos por laços de parentesco, amizade ou convivência, vão compondo este mosaico de exclusão e violência que faz da capital acreana uma versão amazônica da colérica realidade brasileira que se repete e se perpetua pelo restante do país.
O filme nasceu a partir do romance homônimo do próprio diretor e corroteirista Sérgio de Carvalho, que também divide o roteiro com Camilo Cavalcante (o mesmo de “King Kong em Asunción”) e Rodolfo Minari.
Fazer um longa metragem no estado foi um grande desafio para Carvalho, que nasceu no Rio, mas é radicado no Acre, onde fundou sua produtora, a Saci Filmes. “Tivemos de encontrar um modelo de produção com profissionais muito experientes de todo o Brasil, mas que fosse adequado para o tamanho de orçamento que a gente tinha.” O cineasta também destaca que, ao situar a trama numa Amazônia urbana, o filme apresenta um lado da região pouco mostrado no cinema. “A gente conhece tão pouco e fala tão pouco dessa Amazônia urbana que também é completamente ligada à Amazônia das florestas, e que tem uma riqueza de culturas muito grande”, afirma.
A partir desta quinta-feira, 30/03, “Noites Alienígenas” pode ser assistindo em cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju, Araraquara, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Macapá, Manaus, Niterói, Palmas, Parauapebas, Porto Alegre, Recife, Rio Branco e Salvador.