Por Carlos Eduardo Alves, Facebook –
Tenho poucas fobias. Duas, talvez três no máximo. Nada que me afete no cotidiano. Mas ressurgiu uma…..
Certa vez, quando Temer ainda era apenas uma raposa mais estadual, fui entrevistá-lo no escritório dele, na Pedroso Alvarenga, em SP. Só ele e eu.
Conversa vai e nada anotado no bloquinho. Conversa vem e o homem não diz nada de interessante. Ofereço off (garantia de anonimato da fonte) e mesmo nessa condição nada ainda.
Enrolo um pouco, falo de amenidades para ver se quebrava aquela porção soturna do entrevistado e nada. Começo a me incomodar com aquelas mãozinhas inquietas, dedos magros e meio curvados. Não sei a razão, mas as mãozinhas e seu gesticular na hora de perolar irrelevâncias foram me afligindo mais até do que a inutilidade da entrevista. Apresso o fim educadamente e vou embora.
Na Redação, aviso o editor que Temer não “deu notícia”, mas que poderia escrever, se houvesse necessidade de preencher espaço, sobre as abobrinhas que ouvira. Só pedi que, caso tivesse que fazer um texto sobre o nada saído da conversa, eu fosse poupado de assiná-lo. Nem lembro o fim da historinha.
Durante muito tempo, também não sei a razão, sempre que ouvia o nome Temer imediatamente me vinha a imagem da mãozinha. Mas se falava pouco do homem, mais afeito ao bastidor das miudezas;
Piorou tudo quando ele se apossou da Presidência da República. Está toda hora na TV. As mãozinhas me perseguem, não tenho como fugir delas. Alguns anos depois, a fobia. Será que terei que recorrer à análise para tentar vencer o horror?