Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, no Facebook
Spoiler: é um textão chato e até pra baixo. Quem gosta de textos alegremente militantes deve parar por aqui.
Na semana passada, estava esperando para fazer um exame em hospital paulistano. Enquanto uma enfermeira fazia aqueles procedimentos de praxe antes do exame (medir pressão, temperatura, perguntar quais remédios toma etc) perpassa a divisória uma voz de homem falando “Lula” constantemente. Volto para a recepção e me sento para esperar a próxima etapa. Logo identifico o, já percebo, maníaco por Lula. É um senhor de seus 65 anos, jeito e roupa de classe média paulistana. Aquela coisa tipo ouvinte de Jovem Pan. Começo, obrigado pela proximidade, a ouvir as barbaridades do homem.
Como que fazendo um comício, se dirige a todos e os submete a um festival de mentiras e delírios. Diz já ter almoçado com o “bêbado do Lula”, que é primo de um amigo do ex-presidente (conheço a pessoa citada), que já tentou se eleger deputado duas vezes, tem “cinco diplomas universitários” e que Bolsonaro será o melhor presidente da República na História”.
Confesso que não dei um pio por absoluto enfado e, principalmente, por não querer discutir com um lunático. Até que o cara entrou em outra dimensão e me irritou. “Vocês sabem, né, que a Dilma matou 16 pessoas quando era terrorista?”. Como meu silêncio, e provavelmente minha cara de incômodo, parecem ter-lhe aborrecido, o mala faz a afirmação e olha para mim. Fui cínico. “Não sabia disso. Em que lugar posso confirmar essa informação?”, respondi. “Na internet tem, mas eu conheço muita gente na Política e na Política e me confirmaram”, responde o deficiente cognitivo.
Perdi a paciência e comecei a enumerar as mentiras que já havia ouvido do fanático. Pergunto alguns dados sobre o “primo que é amigo de Lula” e obviamente a besta não sabia nada. Resumindo, mostro a ignorância factual e histórica do elemento, que depois do nocaute faz cara de bebê chorão. Um bom tempo depois, quando terminei meu exame e ia embora, o homem continuava falando de “Lula ladrão”,,
Havia ouvido o nome do louco do mal quando o chamaram para esclarecer uma dúvida burocrática qualquer e, confesso curiosidade, quando pude fui checar a capivara dele nas redes sociais. Um alegado diploma de Direito numa faculdade vagabunda de SP e delírios e fake news típicos da demência bolsonarista. É caso perdido para qualquer psiquiatra, por melhor que o profissional de saúde mental seja.
Aparentemente mudando de assunto, ontem vi o vídeo de uma discussão entre duas figuras que obtiveram votações espetaculares no tsunami fascista de outubro. Uma oportunista e deslumbrada com a aceitação de sua ignorância, a deputada Joice, e um ogro no estilo mais primitivo, o tal major Olimpío. Ambos ligados a Bolsonaro e se ofendendo. E aí pensei, como foi possível chegarmos a esse nível de loucura do mal?
A Damares doente religiosa, o chanceler delirante de pedra, o guru boca suja que só fala em cu e piroca, o tristemente inacreditável encarregado de acabar com a Educação, o ministro que faz turismo no laranjal, o cafa que tem como tarefa acabar com o meio ambiente, o meu analfa favorito na Justiça (hahaha), o clá presidencial miliciano burro a doer…
Esse pessoal, os loucos do mal, não estão lá por vontade divina ou fraude eleitoral. O Bozo e sua ignorância assassina que quer armar a população e permitir a morte de crianças no trânsito, que odeia fiscais, professores e conhecimento, seu bando com horror ressentido de quem estuda;
É verdade que a multidão que consagrou democraticamente a imbecilidade parece estar diminuindo. Mas não acreditem que o pesadelo esteja inexoravelmente caminhando para o fim. Não se iludam com análises ingênuas ou militantes que um sopro divino de bom senso já veio e varrerá rapidinho essa corja de dementes fascistas. Aquele louco que encontrei no hospital tinha certeza assustadora de suas mentiras e delírios. E ele é apenas um dos milhões de brasileiros abatidos pela mesma enfermidade. Um dia vai acabar, mas o que assusta mesmo é o Brasil ter escolhido esse mergulho primitivo.