Por Léo Simonini, compartilhado de O Tempo –
Pelo Twitter, o hoje diretor de futebol do Lyon, da França, se sensibiliza com história que viralizou após vídeo da agressão ser divulgado nas redes sociais
O vídeo de um tapa no rosto desferido por um homem contra um morador de rua que viralizou nas redes sociais nesta sexta-feira (10), sensibilizou a muitos, entre eles o ex-jogador de futebol e hoje diretor do Lyon, da França, Juninho Pernambucano.
Ao tomar conhecimento da história, Juninho conseguiu chegar até Anderson, o rapaz agredido nas imagens, que segundo ele, é dependente químico, e que por isso, resolveu ajudá-lo, conforme publicação feita no Twitter.
Pra quem se sensibilizou com o vídeo, do rapaz que leva um tapa no rosto por pedir dinheiro, é o seguinte. Falei com Rogério Pereira, que é professor de processo penal e advogado, que foi até a casa dele. Ele se chama Anderson. Segue..
— Juninho Pernambucano (@Juninhope08) April 10, 2020
“Anderson é dependente químico, antes de criticá-lo, saiba que na maioria das vezes, o caminho das drogas é o único que é capaz, para muitos, de trazer algum prazer em estar vivo. Não incentivo ninguém a usar, mas não me acho no direito de dizer o que cada um deve fazer com seu corpo, pois a única coisa intocável que você tem é sua vida, sua liberdade, mesmo que seja pra fazer mal a você mesmo”… “Estamos enviando hoje, o Anderson, com seu consentimento, para uma clínica especializada em dependência química, onde ele ficará no mínimo três meses. A família do Anderson só falou coisas boas dele. E sabe que ele precisa de ajuda”, diz trecho da publicação.
O caso de Anderson ganhou grande repercussão nas redes sociais desde a manhã desta sexta. No vídeo, ele conversa com um homem que está dentro de um carro sobre as dificuldades dos dias atuais para moradores de rua, que não estão conseguindo doações por causa do pouco deslocamento de pessoas provocado pela pandemia do coronavírus, além das incertezas do futuro.
Na conversa, o homem chega a dar R$ 20 a Anderson. Uma terceira pessoa, que dirigia o veículo, pede para dar mais R$ 50, momento em que o tapa no rosto é dado. O homem ainda ameaça realizar novas agressões, enquanto Anderson não aparece mais nas imagens.
Em meio a essa epidemia tem gente que consegue ser malvado a esse ponto
Esse episódio revoltante aconteceu em Sinop-MT pic.twitter.com/eFsoYeOOfd
— Kallil Oliveira (@kallilolv) April 9, 2020
Leia o texto na íntegra postado por Juninho Pernambucano:
“Pra quem se sensibilizou com o vídeo do rapaz que leva um tapa no rosto por pedir dinheiro, é o seguinte. Falei com Rogério Pereira, que é professor de processo penal e advogado, que foi até a casa dele. Ele se chama Anderson.
Anderson é dependente químico, antes de criticá-lo, saiba que na maioria das vezes, o caminho das drogas, é o único que é capaz, para muitos, de trazer algum prazer em estar vivo. Não incentivo ninguém a usar, mas não me acho no direito de dizer, o que cada um deve fazer com seu corpo, pois a única coisa intocável que você tem, é sua vida, sua liberdade, mesmo que seja pra fazer mal a você mesmo.
Sou contra a política violenta de combate às drogas, já provado que não traz resultados esperados. Tenho mais opinião sobre esse assunto, mas não vou me alongar. E repito, não incentivo ninguém a usar. Tenho três filhas e uma neta e conversamos sobre tudo sem tabu. Não escondemos nossos sonhos e desejos humanos, como todos tem, pois assim é mais fácil entender que não poderemos , realizar todos eles.
Dito isso, com o Rogério Pereira, estamos enviando hoje, o Anderson, com seu consentimento, para uma clínica especializada em dependência química, onde ele ficará no mínimo três meses. A família do Anderson só falou coisas boas dele. E sabe que ele precisa de ajuda.
Não adianta darmos a ele, as doações que muitos de nós, queríamos fazer, pois claro, ele não suportaria a tentação do uso. Se ele precisar ficar 1 ano, ficará, mas queremos ele recuperado e de volta à sociedade como exemplo pra outros. Depois da cura, caso seja alcançada o Anderson precisará antes de tudo (enchem a boca pra falar, tem que dar educação, não dê nada de dinheiro, ele só vai pedir depois etc..) isso é discurso elitista e egoista, algo que vem antes da educação, que é dignidade humana. Ninguém será educado sem um mínimo de dignidade.
Assim, o ajudaremos a trabalhar, se alimentar e seguir seu caminho. Vai dar certo ? Não sabemos. Mas é o único provável caminho que poderá recuperá-lo e reintegrá-lo à sociedade. Quanto a agressão sofrida, será muito, mas muito mais difícil, esquecê-la, que se liberar do vício.
Depois da tortura (imensurável, inexplicável) a humilhação é a pior agressão feita ao ser humano, ela agride muito mais que o tapa em si. Sobre isso, o Rogério Pereira se responsabilizará do processo. Agradecendo a todos a intenção de ajuda, seja ela por sentimento ou doações”.