Por Sonia Nabarrete, jornalista e escritora
A senhorinha teve um problema ginecológico durante a quarentena e a médica pediu que fizesse um ultrassom transvaginal. Deve ser falta de uso, pensou. Desde que ficara viúva há pouco mais de um ano, não sabia mais o que era sexo. Sentia saudade do marido, com quem foi muito feliz, mas uma certa cerimônia a impedia de se tocar.
No dia do exame, o médico pediu que ficasse nua da cintura para baixo, apresentou uma câmera em formato de pênis, colocou nela uma camisinha, espalhou gel, e avisou que seria introduzida em sua vagina.
Ela achou aquilo muito estranho, mas tentou relaxar. O médico, sabendo que era a primeira vez que ela fazia o exame, foi bem atencioso.
Em um momento, notou que a paciente estava com os olhos fechados e ficou com medo que ela estivesse sentindo dor ou desconforto.
— Tudo bem, dona Ana?
— Tudo. Só queria pedir uma coisa.
— O quê?
— O senhor dá licença de eu pensar no meu veinho?