Publicado em Nocaute –
Ao anunciar que o Exército estará nas ruas para reprimir manifestações contra o governo, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que o presidente Michel Temer atendia a um pedido de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados. Maia nega.
O deputado afirma que não pediu intervenção das Forças Armadas, mas sim da Força Nacional. “O caminho que ele tomou é uma decisão do governo, não é meu”. Além disso, a decisão do Postiço foi recebida com espanto pelo ministro Marco Aurélio de Mello. E, para azedar ainda mais o inferno zodiacal do golpe, Temer foi rechaçado também pelo secretário-geral da CNBB.
Veja o ofício em que Maia pede a intervenção da Força Nacional:
Furibundo e acompanhado do general Sergio Etchegoyen (que não piou nem miou durante a entrevista) o ministro da Defesa disse com todos os efes e erres que a tropa iria para a rua “atendendo à solicitação do senhor presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia”. Maia pulou fora, disse que não pediu as Forças Armadas, mas a Força Nacional.
Para azedar ainda mais a derradeira cartada do Postiço, durante sessão plenária no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Marco Aurélio Mello demonstrou preocupação com a autorização de usar as Forças Armadas para reprimir os protestos. “Presidente, voto um pouco preocupado com o contexto e eu espero que a notícia não seja verdadeira”, afirmou.
E como não há mal que sempre dure, o Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner, afirmou à BBC Brasil que Michel Temer não tem condições éticas para permanecer no cargo. “Se alguém vem e diz que está subornando juiz e o Ministério Público, não é possível que quem está à frente do Estado não se mexa”, disse Steiner, enfatizando se tratar de sua opinião pessoal, e não uma posição oficial da CNBB. Steiner está à frente da CNBB desde 2011. Principal organização da Igreja Católica no Brasil, a CNBB tem mantido uma postura crítica ao governo Temer.
Foto da capa: Carolina Antunes PR