Exposição resgata memória das mães negras no Brasil escravocrata

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Publicado na Revista Brasileiros, reproduzindo Agência Brasil – 

As artistas Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa investigam temas como maternidade, feminismo e escravidão a partir de obras clássicas de Jean-Baptiste Debret e Johan Moritz Rugendas

Série "Modos de Olhar". Foto: Divulgação

Referências na arte produzida no Brasil do século XIX ao início do século XX, as conhecidas imagens das amas de leite negras ressurgem na mostra Mãe Preta, em cartaz na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, na mesma zona portuária da cidade que guarda, em locais e sítios arqueológicos, a memória da escravidão no Brasil. A exposição é resultado de um ano e meio de pesquisas feitas pelas artistas Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa, a partir da reprodução de uma obra de Rugendas (1802-1858), que retrata uma mulher escravizada e seu filho de colo.




Forçadas a alimentar as crianças brancas, as mães pretas eram obrigadas a deixar seus filhos sem o único alimento disponível e, em alguns casos, abandonados à própria sorte. Em sua pesquisa, as artistas encontraram uma vasta bibliografia e um acervo de imagens do século XIX, base para o trabalho que utiliza a arte contemporânea para uma discussão sobre  maternidade, racismo, sexismo e exclusão social, sofridos pela mulher negra no Brasil até os dias de hoje.

"O leite mais barato do mercado é o leite negro". Foto: Divulgação

“O trabalho de observação e descobertas das artistas é revelado em alguns momentos da mostra, e fica mais evidente na série de assemblages-fotográficas, na qual utilizam recursos como lentes de aumento e objetos que remetem às matrizes africanas”, explicou o curador da mostra, Marco Antonio Teobaldo. Segundo o curador o objetivo do recurso é “reiterar ou minimizar a presença de determinados personagens e detalhes, que muitas vezes podem passar desapercebidos num primeiro olhar, mas que nesse caso são amplificados”.

A exposição foi concebida especialmente para o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), onde está localizado o sítio arqueológico do cemitério no qual milhares de africanos escravizados recém-chegados ao país foram enterrados à flor da terra, na primeira metade do século 19.

 Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa trabalham juntas há mais de uma década e realizaram a exposição Banco de Tempo na Galeria do Lago/Museu da República, em 2012, com livro lançado em 2015. Em sua pesquisa, a dupla busca criar maneiras de relacionar lugares históricos e arquivos de imagens a debates atuais por meio da arte contemporânea.

Serviço – Mãe Preta
Galeria Pretos Novos  de Arte Contemporânea
De 25/07 a 25/09
Rua Pedro Ernesto, 32/34,Gamboa, Rio de Janeiro, RJ
+55 21 2516-7089
Visitação: 3a a 6a – das 13h às 19h | Sábado – das 10h às 13h
Entrada franca

 

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