Fábrica de asas

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Da página do Facebook Poeta Sérgio Vaz

Não lembro de ter sido bom em alguma matéria, dá para contar nos dedos as notas “dez” que eu tirei, também não fui o pior de todos, meu boletim era tipo colorido, vermelho e azul, e de acordo com cada série, umas cores se destacavam mais do que as outras.




E por gostar tanto da escola e não gostar de estudar, repeti de ano duas vezes, na 3ª série do primário e na 7ª série do ginásio, parece pouco, mas para quem só fez o colegial, é como se o futuro andasse em direção ao passado. É como se a gente colasse da pessoa errada.

Minha matéria preferida sempre fora o recreio, e a bagunça era uma prova para o qual não precisava estudar, e se ficar em silêncio enquanto escrevo este texto, sou bem capaz de ouvir a molecada descendo as escadas depois do sinal, como uma manada enfurecida -entorpecida pela magia da infância-, correndo pra casa. Ou quem sabe, fugindo do lar.

Num tempo em que a merenda para alguns era a única refeição, na periferia, “lar” e “casa” eram duas coisas extremamente diferentes, e se nós, os filhos da dor, desenhávamos nosso momento com giz colorido, em casa, muitas famílias escreviam a alegria a lápis, para que ficasse mais fácil para a tristeza apagar.

Outra coisa que gostava muito na escola era dos professores, só naquele tempo eu não sabia, descobri somente anos depois, quando não estudava mais.

Lógico que naquela época da ditadura, alguns mais pareciam torturadores do DOPS que professores, e tudo isso, com o consentimento dos pais, os cúmplices.(…)

Hoje em dia, recitando poesia nas escolas públicas do país, descobri que estes que puxavam o cabelo das crianças, não existem mais, foram engolidos pelo dragão do tempo, e foram substituídos por uma trupe de guerreiros e guerreiras que mesmo abandonados pelo estado, insistem em educar os nossos filhos. Não é da hora?

Autodidata, aprendi a sofrer por conta própria, e aprendi também que é possível construir o universo longe da universidade, só que demora mais, quando não se tem asas para voar.

a) Lição de casa se aprende na escola.

b) O Professor é aquele que confecciona asas. E voa junto.

c) Ensinar é regar a semente sem afogar a flor.

D) Quem faz lição de casa colhe castelos.

Poéticamente falando, todas as alternativas estão corretas.

*do livro “Literatura, pão e poesia” Global Editora

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