Por Breno Mendes, publicado em Jornal GGN, comentário ao video “A democracia que só a mídia vê” –
Boa análise Nassif. Um fenômeno recente que você deveria analisar no jornalismo são as chamadas agências de verificação de notícias.
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Elas surgem inicialmente para combater as “fake news”. Mas essa justificativa é obviamente falsa.
Primeiro, que a premissa do jornalismo é justamente a averiguação e verificação, sendo uma tautologia as tais agências. De maneira inconsciente querem dizer que o próprio “jornalismo de primeira ordem” está imantado de noticiosos falsos, explicitando sem querer uma auto deslegitimação.
Em outro sentido, agora com intenções perniciosas, é uma forma de desqualificar e deslegitimar as redes sociais e mídias alternativas, apontando para sua suposta falta de comprometimento com “a verdade dos fatos”.
No fundo, o jornalismo sempre tentou se legitimar a partir de uma mistificação e auto-indulgência apresentando-se como o topus discursivo da isenção e da profundidade, o lugar privilegiado da enunciação da “verdade”.
Obviamente isso é uma falácia e, pior, na prática ocorre justamente o contrário, ou seja, o jornalismo é essencialmente um aparato ideológico e não um fórum dialético.
Tais agências intencionam resgatar essa aura, tentando portar-se como um meta-jornalismo, juízes que dizem se a notícia seria ou não verdadeira, com o objetivo de resgatar o monopólio do discurso.
Um caso interessante recente que percebi é da tal Agência Lupa [Revista Piauí]: foram analisar se os documentos apresentados pelo Lula tinham ou não procedência, como se fossem peritos judiciais, desprezando inúmeras condicionantes e informações complementares que ainda não estão sequer acessíveis, em uma abordagem de viés explícita e com intenções suspeitas…