Falar “presidenta” é tão correto quanto “presidente”

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Termo que já existia no vocabulário da Língua Portuguesa foi registrado em dicionário em 1899 e chegou a ser usado por Machado de Assis

Roberto Stuckert Filho
Dilma Rousseff: uso do termo deixa claro que é a primeira vez que temos uma mandatária do sexo feminino
 Desde que Dilma Rousseff assumiu a presidência do Brasil, em 2011, uma falsa polêmica se espalhou pela internet. A sucessora de Lula se autointitula “presidenta”, termo que é visto com estranheza por alguns e tem sido usado como munição no campo de batalha da política (e da desinformação).

1) Afinal, a palavra “presidenta” existe?




Sim, existe e está nos dicionários. Por exemplo, o Houaiss afirma que “presidenta” é “mulher que se elege para a presidência de um país”, ou “mulher que exerce o cargo de presidente de uma instituição”. Do ponto de vista formal, a palavra existe e poder ser usada em qualquer ocasião (discursos, textos, bate-papos).

Respondendo às dúvidas: PRESIDENTA está correto! Segue definição presente na página 1546 do Novo Dicionário Houaiss.

 

2) Mas isso foi inventado agora, não?

A edição do Dicionário Houaiss consultada é de 2009, ou seja, de antes da eleição de Dilma. Mais do que isso, segundo especialistas da equipe do Dicionário Aurélio, o termo existe pelo menos desde 1872, existia no dicionário Cândido de Figueiredo em 1899 e foi incorporada aos outros compêndios do nosso idioma em 1925. Machado de Assis, o grande escritor brasileiro, usa a palavra em seu mais do que clássico Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1880.

3) Eu nunca tinha ouvido ninguém usar “presidenta”. Por que a Dilma e o PT teimam nessa palavra?

Se ela está correta e existe na nossa língua há tanto tempo, a presidenta tem o direito de usá-la. A “teimosia” é uma maneira de deixar claro que o país é governado por uma mulher e de valorizar o fato de que esta é a primeira vez que temos uma mandatária do sexo feminino.

4) Então o uso de “presidenta” é político?

Sim. Como ambas as formas são corretas, esta foi escolhida para reforçar a questão o gênero da mandatária.

5) No caso de palavras como “agente” e “pedinte”, a forma feminina não existe. Por que com “presidenta” é diferente?

Porque “presidente” é uma exceção a essa regra e aceita o artigo “a” no final para indicar a forma feminina.

5) Acho feio e não vou usar. Estou errado?

Não está, você tem a liberdade de falar “presidente” para referir-se a Dilma ou outra chefe máxima do executivo sem cometer erro algum. Mas é sempre bom respeitar a forma como uma pessoa se autodenomina, é um sinal de respeito. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, pensa desta forma. Chamou Dilma Rousseff de “presidenta” numa entrevista à Globonews. “Devemos chamar as pessoas pelo que elas gostam de ser chamadas”, concluiu.

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