Falso policial trabalhou por um ano em delegacia de SP

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Por Josmar Jozino, publicado em Ponte Jornalismo – 

Informante da polícia, Cristiano Alleson Arruda da Silva tinha documento falso de investigador e mesa de trabalho no 90º DP (Parque Novo Mundo)

Documento, arma e equipamentos apreendidos junto do falso policial | Foto: Arquivo pessoal

O falso policial civil Cristiano Alleson Arruda da Silva, 42 anos, trabalhou aproximadamente um ano no 90º DP (Parque Novo Mundo), zona norte da cidade de São Paulo, onde tinha até mesa em uma sala no 1º andar da delegacia.




Na realidade, Silva jamais integrou os quadros da Polícia Civil e era apenas um “ganso” (informante, como se diz na gíria) dos investigadores e delegados do distrito policial.

A farsa de Silva acabou às 7h20 desta segunda-feira (11/11), em Embu das Artes, cidade na Grande São Paulo, quando ele foi preso pelos policiais militares Thiago Carneiro Arruda, 33 anos, e Eduardo Sidney Rodrigues, 37 anos.

Os PMs faziam patrulhamento na rua Itambé, no Jardim Santo Eduardo, quando suspeitaram do ocupante do veículo Hyundai IX 35, branco, com vidros escuros e placas FCR-7667.

O motorista do carro foi abordado pelos militares e se identificou como Cristiano Alleson Arruda da Silva. Ele alegou ser policial civil e apresentou uma carteira funcional em seu nome.

Os PMs acharam o documento estranho, fizeram uma pesquisa via Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) e foram informados de que não havia nenhum policial civil com aquele nome.

Veículo Hyundai IX35 utilizado pelo homem | Foto: Arquivo pessoal

Silva demonstrou nervosismo, mas insistiu em dizer que era policial civil e que deveria estar ocorrendo algum equívoco.

Desconfiados da farsa, os PMs o algemaram e, durante revista no Hyundai, encontraram uma pistola Taurus, calibre .40, com numeração raspada, carregada com 11 cartuchos.

No porta-malas do veículo havia um colete à prova de balas, com símbolo da Polícia Civil, além de um rádio HT de comunicação. No porta-luvas foi encontrado um distintivo metálico da Polícia Civil.

Os policiais militares apuraram também que o veículo dirigido por Silva estava com as placas adulteradas e que o carro era produto de roubo. Os documentos do automóvel eram falsificados.

Silva foi levado para o 1º Distrito Policial de Embu das Artes. Na delegacia foi constatado que o Hyndai havia sido roubado em 15 de março de 2017 na área do 49º Distrito Policial (São Mateus), zona leste da cidade de São Paulo.

O delegado Francisco José Videira autuou Silva em flagrante pelos crimes de posse e porte ilegal de arma, receptação, uso de documento falso, falsa identidade e usurpação de função pública.

Nos bastidores da Polícia Civil, os comentários são de que Silva “trabalhou” por um ano no 90º DP, na sala dos investigadores, e saiu de lá recentemente, após a mudança do delegado-titular e da chefia dos investigadores.

Há rumores também de que Silva chegou até a ser filmado por emissoras de TV, carregando presos na delegacia, durante entrevista coletiva sobre prisões de criminosos.

Fábio Paes Dominici, advogado do falso policial civil, afirmou à Ponte que não iria se manifestar sobre a prisão de Silva para não prejudicar a defesa de seu cliente.

Ponte questionou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, liderada pelo general João Camilo Pires de Campos nesta gestão de João Doria (PSDB), mas a pasta não se posicionou oficialmente até a publicação da reportagem.

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