Falta transparência à mídia e à própria Transparência Internacional para falar de corrupção

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As memórias do relacionamento promíscuo entre TIB e Lava Jato ficam à margem do noticiário quando a intenção é atacar autoridades

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na foto: presidente da Transparência Internacional, José Carlos Ugaz, e o juiz federal Sérgio Moro
Manchetes de O Globo, Uol e Folha de S. Paulo, destacando o ranking da Transparência Internacional
Manchetes de O Globo, Uol e Folha de S. Paulo, destacando o ranking da Transparência Internacional

Há anos a Transparência Internacional Brasil (TIB) vem ocupando espaço de destaque nos jornais da grande mídia, sendo uma de suas fontes favoritas para abordar a pauta do combate à corrupção. De tão interessada no tema, TIB foi flagrada em mensagens apreendidas pela Operação Spoofing agindo em conluio com a Lava Jato. As memórias desse relacionamento promíscuo quase sempre ficam à margem do noticiário, sobretudo quando as considerações da TIB são providenciais para basear ataques às autoridades ou às instituições.

Este é o caso da manchete que ocupou a página principal de todos os grandes portais nesta terça (30), dando conta de que o Brasil foi rebaixado em um ranking criado pela TIB, que expõe a “percepção global” sobre o combate à corrupção. Ironicamente, segundo análise do Conjur, não há transparência, por parte da TIB, sobre como esse índice foi criado, nem quem está por trás das análises. TIB também não gosta de revelar quem são seus principais financiadores.

Em nome da transparência, também seria de bom tom, no trato com os leitores, que a grande mídia lembrasse, a cada matéria onde a TIB é usada como fonte, de seu vínculo com os procuradores de Curitiba e do Distrito Federal, e das investidas nebulosas – e aparentemente frustradas – para tentar influenciar o destino de bilhões (sim, bilhões) de reais em multas (acordos de leniência) aplicadas às empresas investigadas na Lava Jato.

Afinal, a mesma Transparência Internacional que agora pauta a mídia com um ataque ao Brasil a partir de um ranking cujos critérios não são claros, foi objeto de ordem do Supremo Tribunal Federal para esclarecer o conluio com a Lava Jato. Curiosamente, TIB sustenta que as decisões do STF – que contrariam os interesses e desnudam os erros da Lava Jato – ajudaram a piorar a percepção do enfrentamento à corrupção no país. É, no mínimo, um conflito de interesses esse tipo de apontamento.

Entre as decisões criticadas pela TIB, está a do ministro Dias Toffoli, que suspendeu a multa aplicada à empresa J&F em uma operação inspirada na Lava Jato. A grande mídia omite as digitais da Transparência Internacional no acordo de leniência da J&F com a Operação Greenfield. Conforme o GGN mostrou em detalhes aqui, membros da TIB tentaram influenciar no destino de parte desses recursos (2,5 bilhões de reais).

Depois, a turma de Curitiba tentou criar a Fundação Lava Jato com recursos da multa da Petrobras. Nos dois casos, TIB entrou desenhando o sistema de governança (que dizia onde e como a fortuna deveria ser aplicada).

A grande mídia ignora ainda que o primeiro contato da Transparência Internacional no Brasil, o lobista Josmar Verillo, se beneficiou da leniência da J&F, que precisou vender a Eldorado Celulose para fazer frente às multas aplicadas pelos procuradores.

“De forma opaca e secreta, a T.I. atuava no sentido de quebrar empresas brasileiras e depois ‘vender redenção’. Ao mesmo tempo, conseguia que empresas pertencentes aos grupos expoliados fossem para as mãos de aliados. Parte da dinheirama foi parar nos cofres do governo americano e suíço”, frisou o Conjur.

Falta transparência à grande mídia e à Transparência Internacional para falar de Lava Jato e da indústria do combate à corrupção que se instalou no Brasil desde 2014, onde a própria TIB tentou penetrar e colher alguns louros.

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