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A lista inclui pagamentos de imóveis, planos de saúde, mensalidade escolar e doação para campanha.
Nesta quarta-feira (23), a imprensa mostrou novas transações em dinheiro vivo da família do presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, de acordo com documentos analisados pela Folha de S.Paulo, a família já movimentou mais de R$ 3 milhões em espécie. Imóveis, contas pessoais e despesas de campanha entram na lista de despesas pagas com esses recursos.
Listamos aqui a maior parte do que já se sabe sobre pagamentos feitos em espécie pelos três filhos do presidente — vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) — e também pelas ex-esposas de Bolsonaro.
Não é crime fazer pagamento com dinheiro em espécie, mas por dificultar o rastreamento da origem dos valores, pode indicar que os recursos foram obtidos ilegalmente. É por esse motivo que qualquer transação que ultrapasse R$ 10 mil espécie deve ser comunicada à Unidade de Inteligência Financeira (também conhecida como Coaf – Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
É comum usar a moeda em espécie para compra de bens como um mecanismo de lavagem de dinheiro. Desse jeito, o dinheiro obtido de maneira irregular se torna limpo.
R$ 150 mil: imóvel aos 20 anos
Nesta quarta, foi revelado pelo Estadão que, aos 20 anos, Carlos Bolsonaro pagou R$ 150 mil em espécie na compra de um apartamento. O imóvel na Rua Itacuruçá, na Tijuca, foi pago “em moeda corrente do país, contada e achada certa”. Carlos ainda é proprietário do imóvel e, segundo a publicação, em 2016 ele declarou à Justiça Eleitoral que o apartamento valia R$ 205 mil.
Este é um dos três imóveis declarados em nome do parlamentar. Há também um em Copacabana, que há quatro anos valeria R$ 85 mil, e outro no Centro, que valeria R$ 180 mil na mesma época. Um teria sido pago por transferência bancária e o outro dividido em um sinal, transferência no fechamento e uma nota promissória. Não há detalhes sobre a forma de pagamento do sinal.
R$ 150 mil: imóvel abaixo do valor de mercado
Eduardo Bolsonaro também pagou R$ 150 mil em espécie na compra de imóveis no Rio de Janeiro. De acordo com o jornal O Globo, ele comprou dois apartamentos entre 2011 e 2016 e fez parte dos pagamentos em dinheiro vivo. As informações constam em escrituras obtidas pelo jornal junto aos cartórios da cidade.
Em 2016, na compra de um imóvel em Botafogo no valor de R$ 1 milhão, ele pagou “R$ 100 mil neste ato em moeda corrente do país, contada e achada certa”. Eduardo já havia pago um sinal de R$ 81 mil, iria pagar outros R$ 18,9 mil seis dias depois e a maior parte (R$ 800 mil) foi quitada com financiamento junto à Caixa Econômica Federal.
Antes dessa compra, em 2011, ele havia comprado um imóvel por R$ 160 mil em Copacabana. R$ 110 mil foi pago por meio de um cheque administrativo e o restante, de acordo com o escrivão, “R$ 50 mil através de moeda corrente do país, tudo conferido, contado e achado certo, perante mim do que dou fé”.
A escritura, segundo o jornal, declara que este imóvel foi vendido abaixo do preço avaliado pela prefeitura à época. O desconto foi de 30%. Consta no documento que a “Secretaria Municipal de Fazenda, para efeitos fiscais, avaliou o imóvel em R$ 228.223,64”.
Imóveis de Flávio e pagamento de contas pessoais
O filho mais velho, Flávio Bolsonaro, também fez compras de imóveis com dinheiro em espécie. Em 2008, ele comprou, por R$ 87 mil pagos em dinheiro vivo, duas salas comerciais na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Quatro anos depois, ele e a esposa, Fernanda Bolsonaro, compraram dois imóveis em Copacabana, por R$ 638,4 mil, também pagos em espécie, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Dois anos depois, em 2014, ele comprou móveis que estavam em um apartamento que ele havia comprado por R$ 30 mil, em depósitos fracionados de R$ 3 mil.
Além disso, reportagem de junho deste ano da Folha de S.Paulo indica que Flávio Bolsonaro teve boa parte de suas contas pagas com dinheiro vivo. Entram nessa lista despesas com planos de saúde e mensalidade escolar de suas filhas. O plano de saúde, por exemplo, entre 2013 e 2018, foram 63 boletos, somados em R$ 108.407,98, pagos na boca do caixa com dinheiro vivo. Já as mensalidade pagas dessa maneira foram 53 boletos que totalizam R$ 153.237,65.
O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita de que o senador tenha usado recursos do esquema das rachadinhas, quando os funcionários devolvem os salários, para operações em benefício pessoal.
Dinheiro vivo em campanhas
Nos últimos 25 anos, a família Bolsonaro movimentou mais de R$ 3 milhões em espécie, segundo dados e reportagens analisados pela Folha de S.Paulo. Com o abastecimento de campanhas entre 2008 e 2014 foram investidos R$ 100 mil em dinheiro vivo. O jornal analisou dados de 13 candidaturas da família, em 4 não houve uso de dinheiro em espécie e em outras 4 não foi possível confirmar seu uso pelas prestações de conta.
Ex-mulheres de Bolsonaro
As ex-mulheres de Bolsonaro também têm histórico de compra de imóveis com dinheiro em espécie. Mãe dos três primeiros filhos (Flávio, Carlos e Eduardo), Rogéria Nantes Bolsonaro comprou um apartamento em Vila Isabel, zona norte do Rio, com dinheiro em espécie. De acordo com os jornais O Globo e Estadão, o valor em 1996 foi de R$ 95 mil.
A segunda esposa do presidente, Ana Cristina Valle, casada com Bolsonaro entre 1997 e 2008, comprou 14 imóveis nesse período — 5 pagos com dinheiro vivo, segundo a revista Época.