Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
Milton e Glória, refugiados políticos da ditadura uruguaia, chegaram ao Brasil no início da década de 80. Aqui, criaram Marcelo e Natália, nascidos em Montevidéu, e Tânia, que nasceu no Rio. Milton, Glória e filhos passaram a vender sanduíches na praia, em Ipanema. Depois de algum tempo, instalaram uma barraca que ali está no Posto 9 há quase 30 anos.
No dia 12 de novembro, comemorou-se o aniversário dos gêmeos, filhos da Tania e do Bruno, que, praticamente, nasceram na barraca e vivem correndo pelo pedaço desde então. A dupla Raphael e Matheus, no domingo, era só alegria na barraca montada ao lado da tradicional para o festejo do aniversário, com os amiguinhos, filhos dos frequentadores do local.
O tempero uruguaio colocado no sanduíche por Glória faz sucesso até hoje. Mas o que tempera mesmo o ambiente é amizade em torno da barraca, uma espécie de ONU da América do Sul.
Ali ouve-se português, sim, mas também muito espanhol. Brasileiros, uruguaios, argentinos. venezuelanos, colombianos, bolivianos, equatorianos convivem em repleta harmonia naqueles poucos metros quadrados de areia.
Milton é o comandante da República do Posto 9. Suas armas? Alegria, descontração e um bom papo político ou coisas prosaicas do dia a dia.
Por ele, passam vendedores de mate, de esfiha, de Biscoito Globo, bijouteria, garis… E Milton sempre tem uma palavra amiga para cada um deles: “Tudo bem, Milton?”, é a pergunta que se houve o dia inteiro, com a invariável resposta: “Mais ou menos. Mas com a sua chegada, tudo melhorou”.
E tudo, realmente, melhora quando convivemos com Milton, Glória, filhos, netos e amigos naquele pedacinho democrático, harmônico, institucionalizado pelos Gonzalez.
Salve, Milton. Ave, Glória!
Vejam as fotos:
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