Por Gilberto Maringoni, publicado na Revista Fórum –
A regra é ampliar a frente democrática, isolar cada vez mais os celerados fascistas e não cair na bobagem de realizar ações tão heroicas quanto isolacionistas
Sim, a esquerda e os setores democráticos têm de reagir ao fascismo! E há de se ter em conta que com o fascismo não se conversa por um claro motivo.
O fascismo não quer debater ideias. Quer disputar hegemonia na base da força e não no terreno do convencimento. O fascismo elimina seus oponentes, não interage com eles.
Os tiros em Curitiba são antes de tudo uma provocação.
Mas o que o fascismo – incentivado pelo noticiário enviesado da Globo, pela complacência do judiciário, pelo corpo mole das polícias e pelo maucaratismo dos governantes – quer provocar com esse atentado?
Quer provocar uma mudança de tática até aqui exitosa dos setores progressistas.
DESDE O INÍCIO DO ANO, pelo menos, vem sendo montada uma difícil – e inconcebível em outros tempos – unidade do campo de esquerda. Isso passa pela defesa da democracia, pelo repúdio ao assassinato de Marielle, pela liberdade do presidente Lula e pela convergência na elaboração de pontos mínimos a serem defendidos por todos.
Isso se dá em um quadro complexo. A direita foi derrotada na narrativa de que não houve golpe. A farsa judiciária está acabando, em especial depois que o MTST desnudou o cambalacho do “luxuoso triplex”. O próprio STF começa a se contrapor – vejam, senhoras e senhores! – aos excessos dos desembargadores da Vara de Curitiba!
Como cereja do bolo, Lula não para de crescer nas pesquisas.
OS TIROS DE CURITIBA MIRAM ESSE ALVO. Querem que alguns setores de esquerda – compreensivelmente indignados – busquem o revide isolado contra os arruaceiros. Querem atrair pedaços da seara democrática para uma aventura no terreno militar. Sua meta é erodir a frente em construção.
Nesse palco, a reação leva vantagem. Conta com um aparato midiático para distorcer os fatos e com uma força repressiva várias vezes superiores às possibilidades da esquerda.
Isso não quer dizer que tenhamos de ficar passivos diante dos ataques. Quando possível, devemos ir para o enfrentamento. Mas essa não é a regra.
A regra é ampliar a frente democrática, isolar cada vez mais os celerados fascistas e não cair na bobagem de realizar ações tão heroicas quanto isolacionistas.