Fascistas viam nas CPIs as chaves do paraíso, mas deu ruim

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 Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog

Com suas mentes embotadas pelo fanatismo e por uma visão de mundo obtusa, os bolsonaristas se revelam incapazes de pautar suas ações políticas por um mínimo de inteligência estratégica.




Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As CPIs do MST e dos atos terroristas de 8 de janeiro são dois retratos sem retoques das poucas luzes dos representantes do fascismo nativo no parlamento brasileiro.

CPI é instrumento das minorias. E é relativamente fácil emplacar uma. Bastam 171 assinaturas, para viabilizá-la na Câmara dos Deputados, ou 27 signatários entre os senadores.

Em seguida, é só fazer uma pressãozinha sobre os presidentes das Casas, responsáveis por bater o martelo sobre sua instalação, e pronto: nasce a Comissão Parlamentar de Inquérito, ou se for composta por deputados e senadores, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

Logo no início da atual legislatura, as bancadas bolsonaristas, como se tivessem descoberto as chaves do paraíso, viram nas CPIs um investimento político com retorno garantido.

Imagino os cérebros “brilhantes” lacrando em suas reuniões: “vamos jogar a culpa no governo pelo quebra-quebra dos patriotas”, ou “vai ser moleza emparedar o governo colando na testa de um tradicional aliado seu, o MST, o selo de movimento subversivo e terrorista”, ou ainda “de quebra, as sessões das CPIs nos jogarão para o centro do palco das redes sociais, sabe como é, nosso pessoal adora isso.”

Mas, se como diz o poeta Belchior, “viver é melhor que sonhar”, a realidade também costuma pregar peças. Não se sabe até agora de onde os seguidores de Bolsonaro tiraram a ideia de jerico de que seriam maioria na CPMI do 8 de janeiro.

Fizeram uma conta burra que não se confirmou. Contavam com o apoio fechado do Centrão. Não esperavam que neste bloco conservador e fisiológico houvesse um número considerável de deputados e senadores que rejeitam a intentona golpista de 8 de janeiro.

Resultado: o governo tem maioria, indicou a relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e vem fazendo valer sua influência nas convocações para depoimentos, quebras de sigilos bancários, telefônico e fiscal, etc. A CPMI caminha a passos largos para corroborar todo o ótimo trabalho feito até aqui pelo STF e pela Polícia Federal.

Já a CPI do MST morreu de inanição, depois de padecer do mal da desmoralização durante seu funcionamento. Achavam que a indicação de dois extremistas de carteirinha, como os deputados Coronel Zuco (Republicanos) e Ricardo Salles (PL-SP), na presidência e relatoria, respectivamente, teria o condão de passar o trator dobre o MST e o governo.

Deram vexame. Desrespeitaram e ofenderam as deputadas de esquerda da comissão sessão sim, outra também, mas foram respondidos e enfrentados à altura, até que se calaram. E ainda levaram um baile humilhante das lideranças dos sem-terra convocadas.

Melhor, então enfiar a viola no saco e ir para casa, não? Dito e feito. Primeiro abriram mão de prorrogar a duração da CPI e depois encerraram os trabalhos antes do tempo, de forma melancólica.

Aguarda-se apenas a apresentação do relatório, que certamente será uma babel de acusações radicalizadas e desprovidas de fundamento factual, sem qualquer credibilidade.

Uma salva de palmas para os representantes dos partidos de esquerda nessa CPI, especialmente para as bravas mulheres, que derrotaram o suprassumo do reacionarismo e do machismo no Congresso Nacional

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