Nos dias 13 e 14 de maio, 20ª edição da Faz Girar, reúne, no Rio, 40 barracas para compra de produtos usados e promove atividades educativas sobre sustentabilidade
Por Ana Carolina Aguiar, compartilhado de Projeto Colabora
Na foto: Focada no empreendedorismo sustentável, feira de segunda mão reúne brechós, promove palestras e oficinas sobre o tema (Foto: Divulgação)
Com o propósito de educar a população e estimular um consumo mais consciente e sustentável, a feira Faz Girar completa quatro anos de circulação. Nos próximos dias 13 e 14 de maio, sábado e domingo, a 20ª edição do evento ocorrerá nos jardins do Museu da República, localizado no bairro carioca do Catete, reunindo 40 barracas, desde pessoas pessoas jurídicas – como brechós e colecionadores – a pessoas físicas que desejam praticar o desapego de roupas e objetos pessoais.
Por conta de ainda estarmos na Semana da Compostagem (de 7 a 13 de maio), o Ciclo Orgânico – primeira empresa de coleta e compostagem de resíduos orgânicos residenciais do Brasil – vai estar presente no evento para debater o assunto e ensinar a fazer compostagem em casa. A Junta Local também participará da feira apresentando a gastronomia vegetariana. No geral, a programação se divide em três partes: educacional, cultural e social.
No meu projeto, comecei a ficar um pouco chocada com a quantidade de produto que a gente realmente não precisa e esse comércio exacerbado. Foi assim que o bichinho da sustentabilidade me mordeu
Paula MaiaDesigner e fundadora da Feira Faz Girar
No campo educacional da Faz Girar, há a campanha #useseuusado, oficina de minhocário, palestras sobre moda sustentável, upcycling, alimentação natural, além de logística reversa e arrecadação de resíduos especiais, como medicamentos, esponjas, óleo de cozinha usado, instrumentos de escrita, lacres de lata, lixo eletrônico, além de pilhas e lâmpadas. Na área cultural, o evento terá tendas de intercâmbio de livros e um palco aberto para artistas de rua. Referente a parte social, o projeto receberá arrecadações para a causa animal, para direitos menstruais e roupas para doação.
Em parceria com a AZ Sustentabilidade, que completa dois anos na feira, o Clube de Trocas é um dos destaques do evento. Durante a feira, uma tenda é disponibilizada para o Clube expor alguns dos produtos e os participantes da feira podem se associar na hora e participar das trocas, que custam de R$1 a R$30. É necessário que todos os itens tenham vida útil e estejam em bom estado, limpos e higienizados. Nas dezenove edições anteriores, o saldo de algumas ações sustentáveis do Faz Girar em números corresponde a 622 giradores (pessoas que participam dessa economia circular durante a feira), 1842 trocas, 618 livros doados, 127 kg de agasalhos doados, 47 kg de meias doadas e 38 kg de esponjas recicladas.
Como surgiu a Faz Girar
A Faz Girar nasceu a partir de uma inquietação da designer Paula Maia. Durante a pós-graduação em gestão de empresas com foco em marketing, Paula compreendeu que o marketing precisa criar uma demanda para algo ser vendido e, então, criar uma necessidade. Indignada durante o tempo que estudou, ela resolveu fazer o seu projeto final do curso sobre economia circular e soluções colaborativas. “Já no meu projeto, comecei a ficar um pouco chocada com a quantidade de produto que a gente realmente não precisa e esse comércio exacerbado. Foi assim que o bichinho da sustentabilidade me mordeu”, conta.
Após se formar, Paula se mudou para Barcelona e passou a conviver com uma cidade preocupada com questões sustentáveis referentes ao consumo. Paula conta que a relação dos espanhóis com o consumo de produtos de segunda mão, como comprar roupas em brechós, não é um estigma. Ao voltar para o Brasil em 2018, sentiu a vontade de trazer de alguma forma esse mercado para cá , mas revela que a cultura brasileira estimulada por um consumo sem consciência é uma barreira ainda. “Estamos aí na luta para educar a população a tentar ter uma mente um pouco mais sustentável. Por mais incrível que pareça, a pandemia nos ajudou nisso. Depois da pandemia, o mercado de segunda mão cresceu porque as pessoas começaram a ficar em casa e ver a quantidade de coisas que não usa”, pontua.
Para a empreendedora, a Faz Girar vem para possibilitar que as pessoas vejam novas soluções em seus consumos. “O foco da feira é educar a população a repensar o consumo e os resíduos que gera. Estamos ali para as pessoas melhorarem o convívio delas com o que elas compram e geram”, explica. Por isso, toda edição do evento há palestras, oficinas infantis, atividades para adultos sobre compostagem e reciclagem, por exemplo.
A Faz Girar é uma feira que estimula a participação ativa de seus frequentadores. “Você raciocina que está indo para uma feira para dar uma esvaziada na sua gaveta. Pegar as pilhas velhas, as canetas que não funcionam mais, juntar o óleo de cozinha usado, ou as suas tampinhas de garrafa pet e levar lá também. Vai poder levar roupa para doação ou troca. Todo mundo que chega no Faz Girar, chega com sacola”, relata.