Outro dia, estava pensando na expressão Feliz Natal. E me veio à cabeça a constatação: Feliz Natal para quem cara pálida? Para mim, Feliz Natal é um pleonasmo, pois gozo de plena saúde e tenho algum recurso financeiro. E quem está do lado contrário? É disso que o amigo, cantor e compositor e advogado Claudio Motta questiona abaixo, corroborado pelo jurista que abre este texto (Washington Araújo, editor do Bem Blogado).
“Faço minhas as palavras de um grande amigo”: ‘Não me sinto à vontade para comemorar, no próximo dia 25, o nascimento de uma criança na Palestina, se lá os soldados de Israel estão assassinando milhares de outras crianças e seus pais.‘ Afrânio Silva Jardim, jurista, professor de Direito Processual Penal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Por Claudio Motta, cantor, compositor e advogado
O Natal é uma festa, mas é uma festa para quem? Há alguns meses o menino Jesus frequenta as lojas de rua, dos shoppings, supermercados e outros templos assemelhados, isso sem falar das lojas oficiais, as que detêm os direitos de grife. Nada contra, juro! Cada um festeja ao seu feitio; mas, caramba, e o mundo que está pegando fogo por aí, como é que se comemora nesse clima? Tem guerra e miséria pra todo lado!
Tem guerra na Síria, Palestina, Burkina Faso (vou descobrir onde fica), Somália, Sudão, Iêmen, Mianmar, Ucrânia, Nigéria e no Brasil (que, aliás, insidiosa, já passou de 500 anos de combate) e tudo com direito a crianças bombardeadas, famílias destroçadas, e outras desgraceiras. Então eu retorno à pergunta: como é que se festeja nesse clima? Vou arriscar aqui a resposta: com hipocrisia, muita hipocrisia.
Talvez a palavra que melhor defina a humanidade seja essa tal de hipocrisia. Deveríamos ter ruas e praças assim nomeadas, afinal é a nossa essência e há variações possíveis como: Rua dos Embusteiros, Praça dos Dissimulados. Uma maravilha! O historiador Brasil Gerson estranharia, mas não muito, visto que já está historiando ruas e esquinas celestiais.
Lembro aos raros que lerem isso que não me excluo da hipocrisia, afinal, salvo engano, sou humano também e vou acabar dando um jeito de comer uma coxa de frango e tomar um vinho, mas não posso me livrar do espanto da constatação tardia: a insinceridade é a luz do Natal!
P.S.: li em algum lugar: acendem tantas luzes no Natal que nem parece ser o aniversário de Cristo, está mais pra Thomas Edson.
FELIZ NATAL
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