FHC tem agropecuária dentro de Osasco, cidade com área rural zero

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Por Helena Sthephanowitz, publicado na Rede Brasil Atual – 

Se, em vez de FHC, fosse um petista o dono da empresa agropecuária em Osasco, cidade sem zona rural e onde nenhum sócio reside, choveriam ilações nas três revistas de maior circulação

casa.jpgPelo Google Maps, a imagem que identifica o endereço é uma residência simples. Seria uma empresa de fachada?

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é sócio de seus três filhos na empresa Goytacazes Participações Ltda, cujas atividades registradas na Junta Comercial de São Paulo são serviços de agronomia e de consultoria às atividades agrícolas e pecuárias.




No Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, na Receita Federal, a empresa tem como atividade principal o cultivo de cana-de-açúcar. As atividades secundárias são a criação de bovinos para corte e cultivo de outras plantas de lavoura.

O curioso é que a empresa está sediada na cidade de  Osasco, na Grande São Paulo, ou seja, não é uma área rural. E o mais curioso ainda é que, quando se faz uma busca no Google Maps, a imagem que  identifica o endereço  é uma residência  simples. Seria uma empresa de fachada?

Nenhum dos quatro sócios mora em Osasco. O ex-presidente reside em São Paulo, uma filha reside em Brasília, outra no Rio de Janeiro, assim como seu filho.

Antes de ser político, FHC nunca foi ruralista. Formou-se em Sociologia e sempre trabalhou como professor, até ingressar na  política.

O interesse pela, digamos, “sociologia bovina”, só surgiu aos 58 anos, quando ele já era senador. Em 1989, adquiriu a fazenda Córrego da Ponte, de 1046 hectares, em Buritis (MG), próximo de Brasília. Comprou em sociedade com seu amigo e ex-ministro Sérgio Motta, um engenheiro e político de vida urbana que, assim como FHC, causou surpresa o súbito pendor ruralista, já passados da meia idade.

Motta faleceu em 1998 e FHC passou a fazenda para os filhos que venderam a propriedade em 2003. Só em 2012 a empresa Goytacazes Participações foi aberta em Osasco.

Em 1999, a revista IstoÉ publicou uma reportagem sobre a construção em 1995, quando FHC já era presidente, de um aeroporto construído pela Camargo Corrêa na fazenda Pontezinha da empreiteira, vizinha da propriedade do ex-presidente. Segundo a reportagem, o aeroporto era usado sobretudo para atender à família Cardoso. Este compadrio não despertou na época a curiosidade do Ministério Público, pelo menos para conferir, confirmando a tradição de engavetamento quando suspeitas atingem tucanos.

Se em vez de ser FHC, fosse um petista o dono de empresa agropecuária em Osasco, cidade sem zona rural e onde nenhum sócio reside, choveriam ilações nas três revistas de maior circulação e, dada as relações de compadrio no passado com a Camargo Corrêa, a força-tarefa da Lava Jato muito provavelmente colocaria a empresa na mira das investigações. Mas trata-se de gente do PSDB, então… deixa pra lá.

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