Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
O cineasta Zeca Ferreira é amigo de Paquetá. Ativista pelas ótimas causas, o Zeca é um lutador de talento, mas é difícil falar do trabalho de um amigo, pois sempre haverá a nossa consciência ou aquele chato para cobrar: “Poxa, você fala isso porque ele é seu amigo.”
Em razão disso, o oportunista, neste caso, Bem Blogado reproduz aqui elogios ao filme “Noites de Alface”, dirigido por Zeca Ferreira.
Vejam que, assim, fica fácil falar bem de amigo que dirigiu, dizem, uma bela obra. Não assisti ainda ao filme, mas acompanhei as correrias de filmagem e acredito no que especialistas falaram sobre a produção.
Abaixo, críticas no O Estado de S. Paulo e Cinema com Rapadura sobre o filme que estreou em 24 de junho.
“Noites de Alface” chega HOJE (24 de junho) aos cinemas de todo o Brasil. O filme, de Zeca Ferreira e que traz Marieta Severo no elenco, entra em sua primeira semana em cartaz e vai ser exibido em diversas praças. Confira abaixo e programe-se!
‘Noites de Alface’ é um chá de delicadeza
Por Rodrigo Fonseca, Estadão, Cultura
Everaldo Pontes e Marieta Severo combinam o melhor que ambos têm na arte de atuar para fazer de “Noites de Alface” um estudo sobre o encanto da rotina, de dar alegria a Ozu
Poema audiovisual sobre os quebra-molas da memória na estrada da perenidade, “Noites de Alface” é um estudo sobre o desmantelo das recordações e sobre o cabo de aço que sustenta, a duras penas, tudo o que adorna os resquícios das vivências, os vestígios do que se entendeu por felicidade. Na dramédia construída pelo estreante na direção de longas Zeca Ferreira, com base na prosa de Vanessa Bárbara, houve muito júbilo no convívio de anos e anos entre Ada (uma monumental Marieta Severo) e Otto (Everaldo Pontes, num minimalismo de ourives) numa cidadezinha distante das zonas metropolitanas.
Tanto foi jubiloso esse viver entre eles que muita coisa parece se entrelaçar em tudo o que eles percebem como sendo o presente, tendo num quebra-cabeças uma metáfora de como a narrativa se apresenta. Num jogo de armar cortazariano, intuímos que alguém ali se foi.
Suspeitamos do mistério que se enreda a partir da aparição de um delegado (Eduardo Moreira, um ladrão de cenas por excelência), investigando um sumiço. Por vezes, parece muito óbvio, por vezes a obviedade se evanesce numa analogia bem acurada com o verbo lembrar.
Algumas coisas se inscrevem na lembrança como pedra, avessas ao tumulto. Já outras gravitam pelo vento qual poeira. E a angústia de se agarrar os grãos de uma poeira que revoa é a mesma que Otto sente tentando se agarrar a alguma impressão que norteie seu entendimento do que se passa em meio a um planisfério onde a rotina reina imperialmente.
Por isso, uma simples troca de carteiro, quando Aidan (Pedro Monteiro, um dínamo do humor, conhecido por “Vendo ou Alugo” e “O Sonho de Rui”) substitui Aníbal (Romeu Evaristo, uma grata presença num elenco de múltiplos talentos), gera incêndios onde apenas costumava haver fagulhas.
E o incêndio passa a vulcão quando Aídan some, abrindo uma intriga policialesca que jamais se superpõe à camada observacional (com foco no passar dos dias) assumida por Zeca. Na delicadeza da montagem de Livia Arbex, esse empenho em saber observar se isenta de qualquer chatice. E a vívida direção de arte de Ana Paula Cardoso (um dos achados do filme, por seu rigor), potencializada na fotografia de Miguel Vassy, torna aquele microcosmos de ritos reiterados, de mesmices apaixonadas e de gestos pequenos um picadeiro para o que existe de mais pitoresco no exercício da humanidade.
Lembra – e muito – o tcheco “Um Dia, um Gato” (“Az Prijde Kocour”, 1963), de Vojtech Jasný, mas sem necessitar de nada mágico que não um chazinho de alface. Um chá que acalma Otto.
Um chá que nos revela o quanto um mundinho aparentemente plácido pode ser repleto de situações inusitadas – como Yasujiro Ozu, o mestre do cinema japonês, há décadas nos mostrou com seus filmes sobre a simplicidade. Um chá que liberta esse País das Maravilhas do sorriso do gato de Alice, fazendo um bem danado à nossa alma por trazer Marieta de volta aos holofotes e por dar Romeu Evaristo, um grande ator, a chance de dar seus solos.
Por Denis Le Senechal Klimiuc, Cinema com Rapadura
O filme, que traz em pouco menos de uma hora e meia os três atos bem definidos em sua história, é uma excelente oportunidade de conferir o duelo de titãs entre as interpretações de Pontes e Severo, mas também conta com um elenco de apoio primoroso, em uma história que pode enganar à primeira vista, mas que merece ser conferida minuciosamente, pois traz suspense em seu estilo dramático sem nenhuma farpa solta.
Noites de Alface | Zeca Ferreira, Marieta Severo e elenco falam sobre a produção intimista do filme
Programação de estreia de “Noites de Alface”.
SÃO PAULO
Espaço Itaú de Cinemas Frei Caneca
Sala – 7 – Horários – 15h10m / 19h20m
Espaço Itaú de Cinemas Pompeia
Sala – 10 – Horários – 15h10m / 17h10m
Belas Artes Carmen Miranda
Sala – 5 – Horário – 17h30m
RIO DE JANEIRO
Espaço Itaú de Cinemas Botafogo
Sala – 2 – Horário – 13h30m
Sala 4 – Horário – 18h30m
Estação Net Gávea
Sala – 4 – Horário – 15h40m – Seg à Sex
Sala – 4 – Horário – 16h10m – Sab e Dom
UCI New York City Center
Sala – 10 – Horário – 20h00m
BRASÍLIA
Espaço Itaú de Cinema Casa Park
Sala – 5 – Horário – 18h00m
PORTO ALEGRE
Espaço Itaú de Cinema Porto Alegre
Sala – 1 – Horário – 18h00m
BELÉM
Moviecom Castanheira
Sala – 1 – Horários – 14h30m / 19h00m
#noitesdealfaceofilme #noitesdealface #cinemanews #cinennews #cinebox #cinemanacional #cinemaindependente #cinemabrasileiro #estreia #estreiahoje