Sobre a pandemia
Flavio Venturini
Nem lendo as profecias de Nostradamus poderíamos imaginar o que estamos passando.
Acredito que quase todos esperávamos um ano de muito trabalho e realizações, metas alcançadas, inicio de novos projetos, viagens etc.
Comecei meu ano muito bem, participando do show de encerramento da turnê “Clube da Esquina” de Milton Nascimento, ao lado de outros artistas queridos. Belo começo. Em seguida, do Rio de Janeiro viajei ao Chile para conhecer o deserto de Atacama, realizando um sonho antigo pois adoro desertos e vulcões. Foi um prato cheio.
Na volta ao Brasil, fui direto a São Paulo assistir a um show de Pat Metheny, um cara que adoro. Já naquela cidade o fantasma começou a aparecer: o show, que seria na sala São Paulo, foi cancelado porque a OMS passou a recomendar medidas de proteção à Covid-19.
Daí o choque e o espanto de todos nós. Mas acreditávamos que a Pandemia iria durar dois ou, no máximo, três meses. Ledo engano.
O vírus foi se espalhando e a nova e dura realidade caiu sobre nossas cabeças. Como enfrentar o “novo normal” que se instalou em nossas vidas? Morar um pouco afastado da cidade, quase no campo, tem me ajudado muito, pois posso, ao menos, caminhar e tomar sol sem correr muitos riscos.
Mas o mundo da maioria das pessoas ficou cinzento, mais difícil.
Vieram então as lives. Eu, que sempre fui tímido e reticente com relação a gravar vídeos tive que enfrentar novos desafios e me reinventar. Devo ter feito umas dez lives este ano, pelo menos, com resultados que me agradaram muito.
Resumo da ópera: um ano quase confinado em casa, com poucas saídas. Poucas viagens, uma delas a São Paulo para fazer uma live com o pessoal de “O Terço”, minha primeira banda, e outra a Goiânia, de carro, para resolver problemas pessoais.
Mas devo contabilizar o lado positivo do difícil momento que enfrentamos. Percebi que está havendo um incremento das relações pessoais, com todos dando mais valor à amizade e à solidariedade.
Neste ano, além das lives, consegui terminar o primeiro disco do meu projeto “Paisagens Sonoras”, com 12 canções inéditas.
Claro que a saudade dos palcos e do público é imensa. E ela só faz aumentar quando me vejo impedido de encontrar os inúmeros amigos queridos que fiz nessa vida e não posso rever por causa das restrições sanitárias.
Mas a grande tragédia é a quantidade de vítimas que a pandemia vem fazendo, que só aumenta os dramas das pessoas e causa estragos na economia e em outros aspectos da vida de todos.
Resta torcer por uma vacina eficaz e por novos tempos, com uma nova consciência solidária da humanidade, a partir do aprendizado que o sofrimento nos traz.
Saúde a todos; cuidem-se! E que a música ajude a amenizar este difícil momento.
E parabéns ao Bem Blogado pela iniciativa solidária de levar cultura às pessoas que padecem com a pandemia, amenizando o sofrimento de todos neste momento tão difícil.