Por César Fraga, jornalista –
Em “Platoon” sempre me identifiquei mais com o personagem do Charlie Sheen, o Taylor, que, suspeito, ganhou o papel por conta de seu pai, Martin Sheen, ter interpretado o capitão Willard, em Apocalypse Now. Ambos vivem dilemas e são colocados em situações extremas na mesma guerra do Vietnã.
Porém, ambos os filmes colocam em xeque questões bem mais primitivas e ancestrais do que simplesmente mocinhos e brandidos ou quem está certo ou errado numa guerra. Botinadas na cara do maniqueísmo.
Falam sobre a intimidade e a ética dos soldados e sobre a própria sobrevivência. Sobre aquilo que Hemingway referia ao dizer que importa mais quem está ao teu lado na trincheira do que os motivos da guerra. Lealdade e trairagem. Civilização e barbárie.
Kubrick já havia pisado este terreno em “Glória feita de sangue” para ir fundo na lógica da estrutura militar que transforma soldados em vidas descartáveis, em indivíduos sem vontades próprias.
Homens que seguem ordens. Isso num mundo ideal.
Porque na situação real de guerra humanos são demasiado humanos, em tudo de pior que pode haver.
Por isso, as cortes marciais e os fuzilamentos dos traidores e dos alucinados iludidos com suas próprias virilidades.
Em “Platoon”, a guerra pelo poder e confiança dos soldados se dá entre dois sargentos: Barnes e Elias, um racista sanguinário e um humanitário idealista.
Taylor, meio boboca de início, mas observador, vive entre ambos. Até que Barnes atira covardemente contra Elias e deixa o colega para os vietcongues terminarem o serviço. Fogo amigo!
É aí que entra a mudança do Taylor. Incapaz de evitar o fogo amigo, se dá conta que não existe neutralidade na guerra, em que soldados também decidem, e que apesar de se sentir mais protegido sob as asas do truculento e psicopata Barnes, a traição praticada extrapolava qualquer ética entre soldados.
O resto é história. Ó, o fogo amigo, meus amigos! Cuidado com o fogo amigo, amigo!
Obs.: Título do Bem Blogado