A Folha sempre fez um jornalismo hipócrita. Sendo de direita, conservadora, a empresa comercial dos Frias acenava para a esquerda: “Olha, como somos independentes. Vejam como estamos de rabo preso com o leitor”.
Mas, na verdade, sempre foi de direita, bem como Estadão e O Globo. Com a diferença que os dois últimos sempre fizeram um jornalismo maniqueísta, de um lado só, o lado da elite.
A Folha fazia um jornalismo 90% conservador e 10% de esquerda. Só que fazia um barulho danado, tocava mil bumbos quando fazia algo à esquerda.
Agora, não. A Folha tirou a máscara ao apoiar Temer em sua teimosia em se manter no poder, mesmo apodrecido.
Assim, o Brasil 247 já definiu a situação. Vejam:
DONO DA FOLHA DECIDE IR MORAR NUMA ILHA DESERTA COM MICHEL TEMER
Michel Temer, que nunca teve apoio da população brasileira e hoje é rejeitado por 92%, já perdeu a Globo, o PPS, o PSB, parte do PSDB, a Igreja Católica e a OAB, mas ainda tem Otávio Frias Filho, dono da Folha de S. Paulo; depois de contratar uma perícia privada para tentar salvar Temer, que foi pego em flagrante cometendo vários crimes, Otavinho publicou artigo em seu jornal para pedir Fica Temer, contra a vontade da maioria absoluta dos seus leitores; “Os alicerces do governo Temer, sempre frágeis, estão ainda mais abalados. Mas é cedo para dizer que esta administração acabou. A economia, que aos poucos sai do atoleiro, atua em seu favor. O relógio, que mostra as eleições gerais de 2018 cada vez mais perto, também”, diz ele; os dois já podem ir morar numa ilha deserta
Michel Temer, que nunca teve apoio da população brasileira e hoje é rejeitado por 92%, já perdeu a Globo, o PPS, o PSB, parte do PSDB, a Igreja Católica e a OAB, mas ainda tem Otávio Frias Filho, dono da Folha de S. Paulo.
Depois de contratar uma perícia privada para tentar salvar Temer, que foi pego em flagrante cometendo vários crimes, Otavinho publicou artigo em seu jornal para pedir Fica Temer, contra a vontade da maioria absoluta dos seus leitores.
Confira:
Ainda é cedo para dizer que a administração Temer acabou
Montaigne escreveu, citando Sêneca, que a natureza criou um só meio de entrar na vida, mas cem de sair dela, omitindo que por nenhum deles é fácil passar.
Algo parecido se aplica às saídas para a crise endêmica que esgarça o país desde 2013 e que se tornou outra vez galopante com as revelações de quarta-feira (17). Caso surjam evidências irrefutáveis de que o presidente Michel Temer cometeu crime, o que era discutível quando se concluía esta seção, haverá quatro opções no horizonte.
A primeira delas, a renúncia, foi rechaçada no breve e veemente discurso de quinta-feira (18). Mas renunciar, na vida pública, não é exatamente decisão de alçada pessoal; o incumbente é antes “renunciado” pelas circunstâncias, conforme os próprios aliados o informam em dado momento de que seu governo se esvaiu, como um piloto que é ejetado após perder controle do aparelho. Ainda estamos longe disso, o palácio dispõe de recursos políticos consideráveis, mas a crise se acelerou da noite para o dia.
Outras duas possibilidades constitucionais –impeachment e aceitação, pelo Supremo Tribunal Federal, de denúncia a ser apresentada pelo procurador-geral da República (o que inabilitaria o presidente, uma vez convertido em réu)– dependem ambas de autorização por parte de 2/3 dos deputados. Estes se movem pelos próprios interesses, muito bem incrustados no governo semiparlamentarista de Temer. Que conveniência falaria mais alto entre eles, o usufruto imediato do poder ou o medo de não se reeleger e ficar ao relento, muitos à mercê dos azares da primeira instância do Judiciário?
A quarta via é a judicial, por meio de cassação da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, previsto para o início de junho e estribado em clamorosos indícios de financiamento ilegal da campanha que elegeu essa malsinada dupla no já remoto outubro de 2014. Mas também aqui o caminho não deixaria de ser tortuoso: Temer recorreria ao Supremo, que daria início a novo julgamento, durante o qual o presidente permaneceria, ao que tudo indica, no posto.
Removido Temer, restaria o problema da eleição indireta do sucessor. Como se sabe, é o que manda a Constituição: o Congresso escolhe o novo presidente quando a vacância se der na segunda metade do mandato. No entanto, depois de a sociedade haver engolido a ascensão de Temer e suas impopularidades em nome do respeito à Constituição, parece inverossímil que possa tolerar um presidente escolhido a dedo por 500 e tantos parlamentares vilipendiados. Seria, como se diz em inglês, adicionar insulto à injúria.
Não é da boa doutrina mudar as regras do jogo em meio ao jogo; a rigor, só um referendo popular poderia autorizá-lo. Mas uma emenda constitucional, que requer aprovação de 60% dos parlamentares, talvez baste em termos de legitimidade. Tramita proposta do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) que confina a eleição indireta aos casos de vacância presidencial no último semestre do mandato; antes disso, Diretas-Já.
Claro que esses são formatos jurídicos vazios à espera de ser movimentados pelo jogo das forças políticas reais. O combustível desta crise, que é a monstruosa recessão econômica legada pela gestão de Dilma Rousseff, continua a abastecer a insatisfação que grassa na sociedade e parece prestes a se inflamar de novo em vigorosas manifestações de rua, pois os efeitos saneadores da política econômica de Temer, a melhor parte de sua gestão, ainda não se fazem sentir. Escala e intensidade dos protestos em praça pública nos próximos meses deverão definir que desenlace institucional vai prevalecer.
Mesmo no campo predominante dos que desejam a saída de Temer, começa a surgir uma dissidência indiretista disposta a resistir à campanha pela emenda Miro Teixeira, em boa parte por recear que eleições diretas reconduzam Lula à Presidência. As pesquisas indicam que o ex-presidente petista é favorito no primeiro turno, ao mesmo tempo que sugerem expressiva probabilidade de que venha a eleger seu antagonista em segundo turno. Agora ou em 2018, as eleições parecem mais imprevisíveis que nunca.
Os alicerces do governo Temer, sempre frágeis, estão ainda mais abalados. Mas é cedo para dizer que esta administração acabou. A economia, que aos poucos sai do atoleiro, atua em seu favor. O relógio, que mostra as eleições gerais de 2018 cada vez mais perto, também. Enquanto isso, um governo cambaleante se encastela ao forcejar por reformas que preparam o ciclo de expansão econômica apto a consagrar, talvez, seu sucessor.