Folha mente sobre privatizações em editorial e provoca revolta de assinantes

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Em sua adesão ao bolsonarismo a Folha não se importa em queimar o que resta de sua credibilidade; seus assinantes reagem indignados

Por Antonio Mello, compartilhado de Fórum




Créditos: Montagem: Antonio Mello

Quando um jornal deixa de fazer jornalismo e passa a ser apenas house organ do banco da família e do mercado financeiro acaba jogando contra seu próprio e mais próximo público — seus assinantes.

Em editorial que ela fez publicar em sua primeira página neste domingo, mas já nas ruas desde ontem, 24, dia do suicídio do presidente Vargas, a Folha defende uma segunda morte de Vargas com as privatizações da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa. Mesmo todas sendo empresas superavitárias, trazendo lucros bilionários para o Brasil.

Mas isso seria apenas a opinião da Folha, não fosse o editorial ser baseado numa mentira descarada, a de que a maioria dos brasileiros seria a favor das privatizações. O que é desmentido por pesquisa do instituto do grupo Folha, o Datafolha, divulgada pelo próprio jornal.

“Segundo pesquisa Datafolha, 38% dos brasileiros apoiam as privatizações, ante 45% que se dizem contrários.”

Quando se trata das privatizações pedidas pela Folha, as da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa, a situação fica muito pior para a tese mentirosa da Folha, segundo a mesma pesquisa Datafolha:

“A adesão dos brasileiros à privatização é menor quando se trata da Petrobras (37% a favor, 53% contra; os demais são indiferentes ou não sabem) e de bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica federal (36% a favor, 55% contra).”

Logo, quando a Folha diz em editorial que a população quer as privatizações, segundo as pesquisas, ela mente descaradamente. E sabendo que está mentindo. É o que diz o Datafolha.

O principal patrimônio de um veículo de comunicação é sua credibilidade. Quando a Folha em editorial na primeira página de domingo mente descaradamente para defender seu projeto ideológico compromete o que ainda resta de sua credibilidade. 

Para defender o neoliberalismo e as pautas do mercado financeiro a Folha parece ter adotado de vez o bolsonarismo, saudosa da época privatista de Paulo Guedes, como provam este editorial e a série de reportagens em que busca atingir o ministro Alexandre de Moraes.

A resposta à Folha veio de seus próprios assinantes. Quase a totalidade, certamente mais de 95%, criticam a posição do jornal, desmentindo mais uma vez sua tese de que os brasileiros são favoráveis às privatizações da Petrobras, do BB e da Caixa. 

Nem os assinantes da Folha o são, como mostram estes depoimentos [mantida a escrita original], parte minúscula mas representativa dos demais:
 

*  *  *  *  *

Dagmar Zibas
Céus! Folha cada dia mais voz do mercado. Que vergonha! Há privatizações que se justificam. Outras são roubos lesa-patria. Eleiltobras é um escândalo. Setor de energia privatizado com apagões, tarifas altíssimas. Energia é estratégica para o pais. Nas mãos de estrangeiros é um perigo. Vale deve os desastres ambientais mais perversos do país. Petrobras é patrimônio lucrativo e motor de desenvolvimento de outros setores nacionais. Não adianta gritar Folha. Enquanto estivermos aqui, não passarão

Emerson dos Santos
É impressionante a desfaçatez do jornal. Ser contra às privatizações é ideológico. Ser a favor é modernizar o Estado. Bem, poderíamos falar também em abrir o mercado de notícias, para melhorar a concorrência, já que hoje é concentrado nas mãos pouquíssimas famílias. E regulamentar, não é censura, apenas criar regras honestas de mercado como combater a concentração. O que a Folha acha?!

Andre Moraes
Bom ver que muitos assinantes reconhecem o caminho que a Folha já não faz questão de esconder. O jornal hoje está loteado e os editoriais foram alugados ou vendidos para o mercado financeiro e grupos econômicos.. Quanto a fonte de receitas dos assinantes, ela é tão ridiculamente pequena frente as outras, que não liga para nos perder.; o número de assinantes já não é mais um indicador de valor do espaço no jornal, visto a capilaridade de chegada da notícia ou panfletagem nas redes sociais.

Selma Silva Leite Flores
Nossa! A Folha a serviço do que há de pior, fazendo jogralzinho com a extrema-direita! Apesar de momentos vergonhosos no passado, nunca se viu algo assim, tão escancarado como essa ‘nova’ Folha!

João Leite Leite
Programa bem sucedido de desestatização? Onde está o dinheiro das empresas que foram privatizadas? O que a gente vê é só empobrecimento do país e do povo. As empresas vão e o os políticos ficam de chapéu na mão implorando que o setor privado industrializem o país. Pra que eles vão gastar bilhões para formar uma grande empresas? Ficar 10 anos gastando bilhões se podem comprar uma estatal lucrativa já gerando lucros? Quem ganha com as privatizações são os barões. O país só perde.

José Roberto Pereira
Alguns anos atrás existiam várias corretoras de valores no mercado, Órama, Ágora, Rico, Toro, Modal, Clear, etc… o que aconteceu de lá pra cá? Cada grande banco comprou uma, agora a Órama é do BTG, a Ágora é do Bradesco, e assim por diante. O que a Folha está defendendo sem vergonha na cara é que Caixa e BB passem para as mãos de Itaús, BTGs e Santanders da vida. Simples assim.

Wilson Luiz Antonio
Por isso o ódio da mídia-empresária e dos grandes conglomerados financeiros contra qualquer coisa que lembre a esquerda. Nisso, aceita-se qualquer paquiderme que surja à direita, seja bolsonaro, Tarcísio ou até mesmo o marçal, porque entreguistas. A intenção é doar o brasil a esses grupos e obter grandes lucros com isso. Na prática, a China compra muito, e a Noruega um pouco. Ou seja, outras nações compram a nossa. E a esquerda é o ultimo obstáculo a essa sanha entreguista voraz.

Elder Bregolin
Ô Folha, a serviço de quem? a mosquinha que picou o paraquedista Tarcísio os atacou também? Já não basta a presepada com a Sabesp? O forasteiro chega, toma conta do estado, e das mente, de SP e descobriu a nova roda ou está à serviço da nefasta elite do mercado financeiro sem escrúpulo algum qdo se trata de rapinagem? Engraçado, só querem privatizar empresas que não tenham concorrentes no mercado pra depois fazerem de tudo visando simplesmente o lucro. Viva a Petrobras, BB e CEF, públicas!

Guilherme de Melo Sarmento Filho
Primeiro a FP faz campanha para desmoralizar o Moraes e desestabilizar o STF, única instituição que combate os golpistas apoiados pela Faria Lima. Na sequência a FP produz esse editorial execrável. Segunda-feira cancelo minha assinatura. A Faria Lima não precisa do meu dinheiro para manter este jornal.

Jean Moreira Rodrigues
Recente estudo divulgado pela Sest (Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais) apontam que as estatais tinham, em 2023, ativos da ordem de R$ 6 trilhões, contribuíram com 5,75% do Pib em valor adicionado bruto, faturaram R$ 1,25 trilhão, tiveram um lucro líquido de R$ 197,9 bilhões e distribuíram R$ 222 bilhões na forma de impostos à União, Estados e municípios, além de R$ 128,1 bilhões aos acionistas na forma de juros e dividendos. E a Folha quer privatizar as estatais.

Braulio S Alves Fernan
Parabéns, Folha. Deixaram de ser covardes e finalmente mostraram sua cara neoliberal, concessiva. O velho modo faria-lima de ser. O que não dava era para continuar lendo aquele jornalismozinho fofoquinha que fingia que estava a favor do povo. Nunca estiveram. O negócio é privatizar tudo, obedecer aos donos do capital. Isso aí, Folha. Parabéns pela rara coragem.

Dionisio DeBarros
Editorial como esse mostra que a elite econômica do Brasil não se contenta com a maior parte da renda nacional. Quer tudo para si. Preços abusivos praticados pelas estatais durante desgoverno Bolsonaro foi um preview do que aconteceria caso sejam privatizadas, país estagnado com preços fora de controle. Folha eh apenas um panfleto a serviço do financiamos predador.

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