Publicado no Jornal GGN –
Ao contrário do que havia sido anunciado, a Folha não publicou nenhuma explicação sobre o afastamento dos jornalistas Eliana Cantanhede e Fernando Rodrigues. Em uma nota sobre os novos colaboradores de Brasília na página 2, o jornal limita-se a um parágrafo sobre o currículo de cada um (clique aqui). A coluna da Ombudsman – que provavelmente seria sobre o tema – acabou não sendo publicada (clique aqui).
A demissão chamou a atenção por alguns fatos.
Nos últimos anos, Cantanhede tornou-se a colunista mais identificada com a nova cara do jornal. Recebeu amplo espaço para exercitar o proselitismo político e a militância autorizada tornou-a algo descuidada em relação às informações veiculadas.
Era parcial, às vezes um tanto agressiva, mas nem de longe se aproximava do estilo pitbull que acabou predominando no jornal. Tornou-se uma espécie de face civilizada do antipetismo. Pessoalmente afável e educada, consolidou um importante contingente de fontes em Brasília.
No final dos anos 90, Fernando Rodrigues era o jornalista de confiança da direção da Folha, para temas críticos de interesse da casa, especialmente em operações articuladas com Paulo Maluf e o ex-senador Gilberto Miranda.
Depois, evoluiu jornalisticamente e acumulou um currículo respeitável, com vários prêmios de jornalismo investigativo. Mas continuou sendo utilizado para missões de confiança.
Sua última reportagem foi uma matéria bombástica sobre operações do Bradesco e Itau em paraísos fiscais. Apesar de serem operações legais de planejamento tributário e de ganhos irrisórios – perto dos resultados de ambos os bancos – a matéria recebeu tratamento escandaloso.